sábado, 4 de maio de 2013

Capítulo 7: Operação Fletz


O calor em Valendia era infernal naquele dia. A terra daqueles vales ardia com a força que o sol brilhava. Em um lugar daqueles vales, mais especificamente no sopé do Vulcão Millude, as pessoas sofriam com aquele clima insuportável. Os guardas da Capital de Fletz guardavam os portões da entrada da capital. A patrulha em volta do vulcão era como andar pior que se exercitar em uma sauna.
Não eram só os guardiões dos portões que eram castigados pelo calor. O grupo de Anitta, que pouco faltava para alcançar o sopé do vulcão, também sofria naquele calor todo. Ainda por cima estavam fracos e exaustos devido as lutas que tiveram que travar contra monstros que habitam o vale, sem falar na luta que tiveram contra o Trio Fatale. Se não fosse pelo Limit Break de Maya, talvez estivessem mortos a uma hora dessa.
O sopé do vulcão estava localizado praticamente no centro de Valendia. Parte do local era coberta por um paredão que diminuía a medida que ele contornava o sopé. Quem vinha do sul, como Marco e seus companheiros de viagem vieram, tinha que passar por uma estrada que passava por baixo desse paredão e saía praticamente na entrada de um dos portões, no sopé do Millude. No outro lado do vulcão tinha um outro portão para entrar em Fletz, dava para um barranco e uma estrada que dava acesso para a parte norte do vale.
O grupo se aproximou do portão sul do vulcão para interagir com os guardas que o guardavam.
- Boa tarde, viajantes. – disse um dos guardas.
- Boa tarde. – respondeu Marco, educadamente. – Desejamos entrar em Fletz. Podemos?
- Claro. Contanto que você me apresente a sua autorização de entrada na capital, vocês poderão passar.
- Autorização?
- Sim. É como um passaporte de entrada. Vocês tem o passaporte, não tem?
Marco não sabia que precisava de autorização para entrar em Fletz por Valendia, pois todas as vezes que ele entrou na capital monarca foi por airship.
- Não sabia que precisava de um.
- Então, infelizmente, não posso deixar vocês passarem.
Marco olhou para o grupo, procurando alguém que pudesse o ajudar naquela situação.
- Como fazemos para conseguir essa autorização de entrada? – perguntou Melodia para o guarda.
- Vocês deveriam ter entrado em contato com algum guia de turismo para conseguir um formulário com a permissão. Em Fontaine havia uma forma de conseguir um com facilidade. Era só vocês terem ido pedir informação na agência ferroviária de lá.
Anitta receava ter que ficar naquele vale e correr o risco de ser caçada de novo. Então, ela resolveu interagir com o guarda.
- Por favor, senhor. – disse a princesa em tom suave. – Não sabíamos dessa autorização. E não podemos voltar para Fontaine. O dia está muito quente e precisamos entrar com urgência.
O guarda olhou bem para Anitta.
- Perdoe minha indiscrição, senhorita, mas seu rosto me é familiar. Quem é você?
Anitta pensou em revelar sua identidade, mas se lembrou de que Llynx havia pedido para manter a discrição ao se identificar. Anitta procurou um olhar de permissão em Llynx e Marco. Não havia outra opção, tinha que dizer quem era para poder continuar. Anitta usou toda sua formalidade real para se identificar.
- Meu nome é Anitta Veserus Von Tia’bra, princesa do Império Tia’brano e herdeira do trono de Cidian Aphonsus Von Tia’bra III. – Anitta puxou parte da sua calça, como se fosse um vestido, durante sua apresentação e fez uma reverência ao guarda como se ele fosse um nobre.
O guarda se espantou ao confirmar que era a princesa de Tia’bra.
- Alteza! Me perdoe! Não sabia que era Vossa Graça que estava acompanhada destes viajantes. – o guarda estava envergonhado com a atitude dele. Ele se ajoelhou perante a princesa procurando perdão.
- Não se preocupe. – disse ela. – Você só estava fazendo seu trabalho. E por sinal estava fazendo muito bem.
- Obrigado, Alteza. Por favor, me sigam, vou abrir os portões de Fletz para vocês.
O guarda virou de costas para o grupo e gritou para seus colegas abrirem os portões. Em poucos instantes, os grandes portões de ferro começaram a se abrir. Quando se abriram por completo, o guarda acompanhou o grupo de Anitta pelo caminho recém-aberto. Caminharam por um corredor de ferro até o seu fim.
- E agora? – perguntou Marco.
- Aqui tem um elevador que vão levar vocês para cima. Eu fico por aqui mesmo. – respondeu o guarda.
- Muito obrigada por nos ajudar. – agradeceu a princesa.
- Avisarei aos guardas do castelo para que possam receber vocês quando chegarem lá em cima. Até logo. – o guarda se despediu e acionou um botão na parede.
Nisso, a parte do chão onde Anitta e os outros estavam se levantou um pouco. Uma parede de metal desceu do teto, separando-os do guarda e grades de proteção surgiram ao redor da plataforma. Poucos instantes depois, a plataforma começou a subir vulcão acima.
Logo depois de começar a subir, as paredes de ferro do elevador ficaram para trás. Agora estavam numa parte que o elevador era revestido com vidro. Com isso foi possível ver a paisagem dos vales de Valendia. Era uma visão muito bonita. Enquanto todos se distraíam com a paisagem, Anitta se aproximou de Llynx, que estava com os braços cruzados como se estivesse chateado com aquela situação.
- Llynx... – disse ela com um pouco de receio. – Você acha que eu fiz certo de revelar minha identidade para os guardas?
Llynx suspirou e respondeu Anitta.
- Bom, acho que foi por uma boa causa. Se não fosse por isso, talvez não encontraríamos outra forma de subir o vulcão.
- Que bom que fiz a coisa certa. – disse Anitta aliviada.
Um súbito silêncio caiu sobre Llynx e Anitta. Não demorou para que esta quebrasse o gelo.
- Quando alcançarmos o topo do Millude, minha pequena aventura vai chegar ao fim.
Llynx não respondeu, mas descruzou os braços e inclinou sua cabeça para Anitta, tirando seu olhar da paisagem.
- Acho que no final das contas eu devo lhe agradecer por me ter raptado. – disse Anitta, olhando para o horizonte. – Se não fosse por você, a uma hora dessas estaria trancafiada no meu quarto, entediada e imaginando como o mundo seria e o que eu faria da minha vida.
Anitta desviou o olhar do horizonte e se voltou para Llynx de novo.
- A viagem foi curta, mas foram dias muito bons. – disse ela. – A fuga dos imperiais, a travessia do Jardim da Morte e do Vale Valendia, meus passeios em Fontaine e Ghest’al. Foi tudo muito divertido. Eu lhe agradeço muito por ter me proporcionado isso, Llynx.
Anitta sorriu para Llynx, mas o sorriso pareceu ter se perdido na escuridão do rosto dele. Sem deixar parecer, Llynx sentiu uma ponta de satisfação por ter feito aquilo tudo. Afinal, foi por causa dele que estavam ali. Se não fosse a iniciativa dele em curar Melodia, isso não teria acontecido.
A princesa se afastou um pouco do mago e resolveu se juntar a Maya e Melodia, que admiravam a paisagem bem próxima do vidro do elevador.
- Não foi nada, princesa. – respondeu ele com um tom mais baixo da frieza costumeira.
Anitta parou quando ouviu a resposta de Llynx. Ela sorriu novamente e se juntou às companheiras de viagem. Marco viu a cena e ficou pensativo quanto à vontade da princesa de voltar para casa. Ela não parecia feliz por estar retornando a Tia’bra. Talvez fosse melhor pra ela ficar fora de lá, mas isso poderia custar muito alto para Marco. Quem sabe ele possa perder sua patente de capitão da Armada de Urano. Mas nada vinha na cabeça dele. Não conseguia achar uma maneira de ajudar Anitta.
Depois de alguns minutos, o elevador chegou começou a frear. Estavam chegando ao topo do Millude. A vista de cima do vulcão era incrível. Era possível ver quase toda Valendia e Fontaine na distância. O lugar era perfeito, mas olhar para o sopé da montanha dava tontura.
Quando o elevador parou, uma porta de ferro surgiu na parte de trás dele. O vidro e a porta abriram, liberando uma passagem para outro corredor de ferro. Nele, estavam os guardas de Fletz que aguardavam pela chegada da princesa. O grupo foi recebido pelo comandante dos guardas. O comandante se aproximou de Anitta e se curvou diante da princesa.
- Seja bem vinda a Fletz, princesa Anitta. – disse o comandante na maior formalidade possível. – É uma honra recebe-la em nossa cidade.
- Obrigada, senhor comandante. – respondeu Anitta com um sorriso meio forçado.
- Me acompanhe, por favor. Vossa majestade, o rei Daminraff, a espera.
Antes de seguir caminho com o comandante, Anitta se lembrou que não estava sozinha e pediu ao comandante para que seus companheiros de viagem a acompanhassem até Daminraff. O comandante não viu problemas e permitiu que eles seguissem caminho também. Ao sair do corredor de ferro, Anitta pode ver a luz daquela tarde pairando sobre a cidade.
Fletz era uma cidade de arquitetura medieval. Por estar num vulcão, o material dos edifícios de Fletz era uma rocha derivada da lava. Essa rocha era um material tão resistente que nem uma bala de uma escopeta poderia perfura-la. A cidade situava dentro de uma cratera, no topo do Millude. As partes mais altas da cratera funcionavam como uma muralha, fornecendo proteção à cidade. Alguns edifícios, como o Castelo Salamandra e o aeródromo possibilitavam uma visão do horizonte acima da cratera.
Uma cidade dentro de um vulcão, similar a Fletz.
Outra coisa interessante em Fletz eram os tubos de lava que percorriam a cidade toda. Ao contrário de Tia’bra, a principal fonte de consumo dos habitantes de Fletz era a lava retirada do parcialmente inativo Vulcão Millude. Uma bomba sugava a lava do centro do vulcão e a transportava pela cidade por tubos de vidro. A lava era tão intensa que, durante a noite, os tubos de lava eram usados como fonte de iluminação. A lava era usada também para ser convertida em energia e como principal fonte para criação de armas. Graças a isso, Fletz se tornou um dos lugares mais propícios para ferreiros expandirem os seus negócios.
Fletz foi criada dessa forma, pois durante a Campanha dos Espers, era uma das bases humanas mais vulneráveis por estar próximo ao céu. As fortalezas dos Neo-humes ficavam alguns metros acima das nuvens, onde podiam “monitorar” tudo o que acontecia em terra. Fletz foi fundada em cima do Vulcão Millude por este ser um dos pontos mais altos e acessíveis aos humanos. Estar lá em cima era uma forma de vigiar ações dos Neo-humes de perto. Assim, a capital monarca focou na construção de telescópios para observar as bases voadoras dos Neo-humes.
Com o fim da Campanha, os telescópios foram aprimorados para o estudo dos astros. Isso fez Fletz ser conhecida pelo mundo por ser um lugar onde a astronomia era avançada. Além disso, por estar sobre um vulcão agora parcialmente inativo, Fletz era conhecida também pelas fontes termais. Desde o fim da Campanha com a queda do tirano Lucemia, rei dos Neo-humes, Fletz tem sido considerado um dos maiores pontos turísticos do mundo tanto em termos históricos quanto em termos de lazer.
O comandante e os guardas orientaram Anitta novamente a continuar a segui-los até o castelo. Anitta estava feliz por estar de volta a Fletz. E estava ainda mais feliz por ter feito isso sem estar perto de seu pai, o Imperador Cid. Lembrar de Cid fazia Anitta lembrar também que sua viagem estava acabando. Isso fez a alegria da princesa desparecer em segundos.
Os guardas escoltaram a princesa e o grupo até o castelo, onde foram recebidos pela guarda do rei com direito a trombetas soando, anunciando sua chegada. Haviam poetas e arautos que gritavam para o povo o acontecimento.
- A princesa Anitta de Tia’bra está aqui! Reverenciemos a vossa graça!
Alguns civis que passavam pelo castelo se ajoelhavam ao perceber que a princesa de Tia’bra estava ali. Normalmente Anitta agradecia as reverências dos civis quando era recebida em uma cidade diferente, mas naquele vez ela não estava bem. Seu carisma fora todo substituído por uma sensação de sofrimento e angústia.
Os guardas seguiram com o grupo até o salão de entrada do castelo. De repente pararam e o comandante se virou para Anitta mais uma vez.
- Vossa alteza, o rei Daminraff a espera além do portal da sala do trono. Foi uma honra escolta-la até aqui. – disse o comandante. – Porém apenas Vossa Alteza e o Capitão Marco podem prosseguir. Os seus companheiros devem voltar.
Aquelas palavras deixaram Anitta pior. Ela pensou que estaria com seus companheiros de viagem até o momento de sua partida para Tia’bra. Não naquele momento. Anitta e Marco se aproximaram de Llynx, Maya e Melodia para se despedir dos companheiros.
- Bom, acho que chegou a hora de dizer... adeus. – disse Melodia, triste.
Marco abaixou a cabeça perante os três como uma forma de agradecimento.
- Agradeço a vocês por seguirem viagem conosco. Sou grato por vocês terem me ajudado a trazer a princesa até aqui. E agradeço também pela ajuda tanto na minha recuperação do Jardim da Morte quanto nos vales hoje pela manhã. Espero que vocês fiquem bem e que os deuses abençoem seus caminhos.
O paladino deu espaço para Anitta se despedir. A princesa estava muito triste e emocionada. Ela foi primeiro se despedir de Melodia.
- Melodia, espero que você fique bem a partir de agora. Você é uma guerreira por ter sobrevivido tanto tempo. Se precisar de alguma coisa, venha até Tia’bra que eu a receberei com prazer.
- Obrigada, Alteza. – disse a Red Mage. – Você é uma pessoa muito boa. Tenho orgulho de ter lutado ao seu lado. E sou muito grata a você por ter salvo a minha vida. Que os deuses a abençoe.
Anitta sorriu. Melodia e Anitta apertaram a mão uma da outra para se despedir. Depois, foi a vez de se despedir de Maya. Ela já estava com os olhos cheios de lágrimas. Maya não conseguia falar de tão nervosa.
- Você me ajudou muito, Anitta. – disse Maya. – Depois que você salvou a minha vida no trem passamos por situações difíceis, não é? Parece que ficamos amigas com isso. – Maya estava muito emocionada.
- Nos tornamos. – disse Anitta enquanto segurava as mãos de Maya. – Sempre que precisar pode me procurar, ok?
Maya sorriu com o comentário de Anitta. As duas seguravam as lágrimas o máximo que podiam.
- Anitta, me prometa uma coisa.
- O que foi, Maya?
Maya não pôde mais conter suas lágrimas.
- Prometa que vai ficar bem. Prometa que vai cuidar de si mesma e que nunca vai abandonar os seus amigos e nem os seus sonhos.
Anitta sentiu uma forte vontade de chorar. Ela respirou fundo para segurar mais as lágrimas, mas acabou deixando algumas caírem. Nisso, Anitta abraçou Maya forte.
- Eu prometo, Maya. Prometo.
As duas se soltaram do abraço e enxugaram os rostos molhados enquanto davam pequenas risadas. Depois foi a vez de Anitta se despedir de Llynx.
- Llynx, devo muito a você. Foi você quem proporcionou essa aventura. Se não fosse o meu rapto, estaria trancafiada e agonizada em casa agora.
Llynx demonstrou um pouco de consideração pela princesa.
- Fiz isso para ajudar Melodia. Foi apenas um acaso. – disse ele friamente.
- E foi um feliz acaso. Agradeço você por isso e espero que seu caminho seja repleto de bençãos. – a princesa disse isso estendendo a mão para o Black Mage.
Llynx se surpreendeu um pouco, mas não demonstrou sua surpresa. Ele estendeu a mão para Anitta e os dois apertaram as mãos.
- Se cuida. – disse ele.
Anitta soltou a mão de Llynx e sorriu pela última vez para o seu raptor. Ela deu um aceno de adeus para os três e seguiu o caminho para a sala do trono do rei de Fletz com Marco. Eles subiram as escadas do tapete vermelho que a levaram para a sala do trono do monarca Daminraff enquanto Maya, Llynx e Melodia saíam do castelo.
A sala do trono era enorme, porém menor que a de seu pai, o imperador de Tia’bra. As paredes eram feitas de rocha revestidas com mármore. Em alguns pontos da sala havia pequenas fontes que jorravam uma lava menos densa. Cortinas e bandeiras vermelhas com o brasão de Fletz decoravam a sala do trono. Era um belo ambiente.
O rei Daminraff se levantou de seu trono quando viu a princesa Anitta se aproximar. Daminraff era uma pessoa de estatura mediana. Era um homem já de idade. Tinha uma barba com fios grisalhos e cabelos nas laterais da cabeça. Era meio gordo. Usava um longo manto vermelho com o brasão de Fletz e uma coroa decorada com gemas vermelhas. Segurava uma bengala de prata com a mão esquerda para ajudar no apoio da perna esquerda ferida em batalha.
O rei desceu do seu altar e foi ter com a princesa.
- Seja bem vinda, Anitta. Minha querida. – disse o rei de braços abertos.
- Olá, tio Daminraff. – respondeu a princesa com uma reverência ao tio. Marco também o reverenciou.
Daminraff abraçou a sobrinha e deu um beijo em sua testa, abençoando-a.
- Que bons ventos a traz até aqui? Veio me visitar? – perguntou o rei.
Anitta estava deprimida. Pensava no que iria dizer ao tio desde que entrou no elevador no sopé do vulcão. Nisso, Marco interveio.
- Com licença, vossa graça. – disse o paladino. – Sou Marco Adalbert Fair, capitão e líder da Armada de Urano e guarda-costas da princesa Anitta Von Tia’bra. Viemos aqui para levarmos a princesa a salvo de volta para Tia’bra.
- Ah sim... – respondeu Daminraff, alisando sua barba com a mão esquerda. – Soube da notícia de seu rapto, Anitta. Você está bem?
- Estou sim, Alteza. – respondeu Anitta, meio cabisbaixa.
- Que bom saber disso. Soube também que você foi vista em Ghest’al e Fontaine. Você escapou de seu raptor?
- Sim, ela ficou bem, Alteza. – disse Marco. – Viemos para Fletz junto com um grupo de viajantes.
- Ah sim. – disse o rei enquanto coçava sua barba grisalha.
- Vossa Majestade, queríamos retornar a Tia’bra logo. Acha que podemos voltar ainda hoje? – perguntou Marco.
Daminraff suspirou.
- Creio que não, rapaz. Não podemos levar vocês por airship, pois o aeródromo de Fletz está sendo reformado. E o cais do porto do castelo está vazio. Hoje está meio fora de mão.
Ao ouvir isso, Anitta teve uma súbita esperança de que seu desejo de liberdade durasse mais tempo.
- Vossa Alteza sabe quando terá um airship disponível? – perguntou Marco.
- Creio que amanhã chegará um de Jamidi logo pela manhã. Vocês podem ir nele para Tia’bra assim que ele chegar.
O interior do Castelo Salamandra, o castelo de Fletz.
- Obrigado, Vossa Alteza. – disse Marco. – Retornaremos ao castelo pela manhã.
Marco já ia se ajoelhar perante o rei para agradece-lo e ir embora, mas o rei o impediu de ajoelhar.
- E quem disse que vocês vão passar a noite fora do castelo? – disse o rei com uma gargalhada. – Você não quer que eu faça minha sobrinha dormir em um hotel quando ela vem me visitar, quer?
Marco riu com o comentário do rei.
- É brincadeira. – riu Daminraff. – Vocês podem ficar sim! São bem vindos no meu castelo. Vou pedir para arrumarem seus aposentos.
Damiraff chamou um empregado para que levasse os convidados para os aposentos de hóspedes do castelo. O empregado guiou Anitta e Marco até os seus quartos e informou sobre um banquete logo mais a noite. O empregado deixou Marco em um quarto mais próximo do salão de entrada enquanto Anitta foi colocada em um quarto numa parte mais alta do castelo.
Ao entrar no quarto e fechar a porta, a princesa suspirou fundo e se sentou na cama. Estava muito triste em saber que sua aventura terminou e iria para casa no dia seguinte. Ela ficou alguns instantes sentada e depois seguiu em direção à sacada do quarto. O pôr-do-sol e um vento de fim de tarde batiam no rosto de Anitta. Faziam semanas que ela não observava algo e refletia sobre ela mesma.
Ela olhou para baixo e viu a cidade de Fletz e seus habitantes, na esperança de ver Maya, Melodia ou Llynx. Como não obteve sucesso, deu uma olhada rápida nas casas, lojas, clínicas e outros edifícios e passou a admirar o pôr-do-sol. Anitta se sentou na sacada e ficou admirando o horizonte e imaginando que no dia seguinte ela retornaria à rotina de princesa novamente.
De repente, alguém bate a sua porta.
- Princesa. Sou eu, Marco. Posso entrar?
Anitta estava distraída com o horizonte. Não respondeu ao chamado de Marco. O paladino abriu a porta aos poucos, tentando localizar a princesa. Quando a viu na sacada, ele anunciou sua entrada e se juntou à ela para admirar o pôr-do-sol. Marco quis impressionar Anitta.
- Olhe só, consegui uma espada nova. Ela se chama Defender e é ótima. O que você achou dela?
- Muito bonita. – disse Anitta sem tirar o olhar do horizonte.
Marco ficou sem graça com a reação da princesa. Sabia que ela estava mal e tentou ajudar.
- Você está bem? – perguntou o paladino.
- Infelizmente não, Marco. – Anitta desceu da sacada e ficou em pé ao lado de Marco. – Poderia estar, mas não estou conseguindo ficar bem.
Marco decidiu tentar consolar Anitta.
- Eu sei o que você está sentindo. Foi bom, não é? Sair de Tia’bra, conhecer pessoas novas...
- Foi uma experiência incrível. Repetiria tudo novamente, se pudesse.
- Sim, mas você tem que voltar a sua realidade. Você é uma princesa. Você não pode ficar viajando e arriscando sua vida por aí.
- Por que eu não posso? – perguntou ela em um tom mais forte. – Sou adulta, já posso fazer o que bem entender da minha vida.
- Você tem razão, mas as coisas não funcionam dessa forma.
- Então você acha que eu deveria ficar presa dentro do meu quarto o dia inteiro sem fazer nada, vendo a vida passar enquanto poderia fazer outras coisas?
- Se for necessário, sim. O seu bem estar vai me afetar também, não sabe?
Anitta riu ironicamente.
- Você não sabe como eu me sinto, Marco. Não pode dizer o que eu devo fazer.
- Anitta, por favor, entenda! Digo isso porque eu só quero o seu bem.
- Ah é?! – Anitta estava ficando furiosa. – Você quer o meu bem? Você é meu pai pra dizer o que é certo e o que é errado? Você só diz isso porque é o seu dever me proteger e me manter a salvo. Se eu sair como eu saí de Tia’bra e acontecer algo comigo, meu pai vai acabar com sua raça. Não acha que está sendo egoísta, Marco?
Marco já estava ficando sem paciência.
- Princesa, seja sensata. Não sou egoísta. Não quero discutir com você. Me preocupo com você.
- Não estou interessada em sua opinião, capitão. Saia do meu quarto. Não quero falar com você.
- Anitta...
- Saia agora! É uma ordem! – gritou Anitta apontando para a porta e olhando para Marco com fúria.
Marco se calou e saiu do quarto de Anitta. Enquanto fechava a porta, olhou uma última vez para Anitta.
- Me escute. – disse ele.
- Anda logo! Sai! – interrompeu ela.
Marco fechou a porta. Anitta estava muito nervosa. Ela se sentou na cama e começou a chorar. Estava triste por ter que ir pra casa e por ter sido grossa com Marco. Mas já não podia voltar atrás. A única coisa que ela queria era deixar esses sentimentos ruins saírem por suas lágrimas.
O sol desapareceu no horizonte e a noite caiu. Fletz era um lugar espetacular durante a noite. Os tubos de lava iluminavam a cidade de uma forma magnífica. O céu estrelado e a lua brilhante ajudavam a iluminar o caminho da cidade.
Enquanto Anitta e Marco participavam do banquete no castelo, Melodia, Llynx e Maya decidiram passar a noite em Fletz antes de decidir o que fazer. Os três escolheram um hotel onde tinha fontes termais. Enquanto Maya se banhava em uma das fontes termais, Melodia e Llynx estavam jantando. No meio da refeição Melodia resolve quebrar o silêncio.
- Llynx, o que faremos agora? – perguntou Melodia.
- Bom, - disse ele. – acho que por enquanto o melhor a fazer é voltarmos para Fontaine.
Melodia deu mais uma garfada e continuou.
- Você está preocupado com alguma coisa. O que foi?
- Não estou preocupado. Impressão sua.
- Pare de fingir, Llynx. Me conte o que você tem. Conheço você.
- Não quero te incomodar com meus problemas.
Melodia colocou sua mão sobre a de Llynx, que estava apoiada na lateral da mesa.
- Vai querer conversar comigo?
Llynx parou de comer por uns segundos. Limpou-se com um guardanapo antes de conversar com Melodia.
- Estou receoso de que algo possa acontecer em Tia’bra.
- Por que você acha isso?
- Quando nós pegamos o trem do Festival da Caçada em Ghest’al para Fontaine tivemos um encontro com Gilgamesh.
- Gilgamesh? O capitão da Armada de Netuno?
- O próprio.
- E o que aconteceu?
- Maya atacou Marco pensando que ele fosse Gilgamesh. Ele tinha feito alguma coisa contra a família dela e ela queria vingança. Gilgamesh também estava atrás de mim por ter raptado Anitta. Tivemos uma luta no trem.
- Oh, céus. – Melodia ficou preocupada.
- E isso não foi o pior. Quando lutamos, Gilgamesh queria reaver a princesa de qualquer forma. Viva ou morta, ferida ou não. Isso foi o que me chamou atenção.
- Que coisa horrível. Por que ele faria isso à própria princesa?
- Não sei. Mas quando lutamos, senti uma influência negativa vindo dele. Já havia pressentido ela antes. Temo que Gilgamesh seja um intermediário de uma catástrofe. E isso envolve a princesa e, consequentemente, o trono de Tia’bra.
- Será que ele quer o trono do Imperador?
- É uma alternativa, mas acho que ele quer alguma coisa com a própria Anitta.
- O que acha que ele pode fazer?
- Tudo o que for preciso para alcançar seu propósito. Por isso quis trazer Anitta para Fletz. Tinha que ter certeza que ela pudesse se livrar da ambição de Gilgamesh e retornasse em segurança para o Imperador.
Melodia ficou pasma com a situação de Anitta. Nunca imaginaria algo tão terrível que poderia acontecer com ela.
- E o que você sugere que façamos?
Llynx levou sua mão em um copo com água e tomou um gole.
- Por enquanto, nada. Vamos terminar de jantar e dormir. Amanhã veremos o que fazer.
Melodia soltou sua mão sobre a de Llynx para que ambos terminassem a refeição e fossem dormir. Enquanto isso, Maya estava distraída na fonte termal, pensando no que ela faria agora que Anitta foi embora. Ela temia que Llynx não deixasse que ela seguisse viagem com eles e que ficasse sozinha em Fletz. Maya não tinha pra onde ir. Agora que sua família fora assassinada, ela estava sozinha. Maya ficou um bom tempo pensando nisso.
Uma hora percebeu que tinha ficado mais tempo do que precisava na fonte termal. Como estava sem sono, Maya se vestiu e resolveu passear pela cidade durante a noite. Ainda não tinha decidido o que fazer. Ela se sentou em um banco e começou olhar para o céu. Ela se lembrou de sua família e lágrimas rolaram. Maya estava muito triste por temer ficar sozinha.
Se Maya não estivesse tão distraída pensando na vida, perceberia algo importante que estava acontecendo. Três pessoas estavam pulando sobre os telhados dos edifícios para alcançar o topo do muro do vulcão. A luz do luar revelou três mulheres vestidas com um uniforme de camuflagem. Uma das mulheres tirou um binóculo de uma bolsa de apetrechos para observar o castelo de Fletz.
- Então, Dana? Qual a situação? – perguntou Tana.
- O castelo está protegido pela guarda noturna. Agora é a hora. – disse Dana sem tirar os binóculos.
- Ouviu isso, Shirley?
- Alto e claro.
Shirley tirou um comunicador do seu uniforme e o ligou.
- Aqui é Shirley falando. A missão de espionagem foi cumprida. Câmbio.
- Entendido, Shirley. – disse uma voz do outro lado do comunicador. – Qual a situação para o próximo passo? Câmbio.
- O castelo de Fletz já está com seus guardas noturnos a postos. Porém são poucos os que avistamos. Avise ao chefe. Câmbio. – disse Shirley.
- Entendido. Câmbio final. – assim o aparelho desligou.
Do outro lado da linha do comunicador estava um soldado Tia’brano, mais especificamente da Armada de Netuno. Estava dentro de um airship de batalha Tia’brano, o Ghis. O soldado saiu de seu posto para entregar uma mensagem para o comandante que estava na ponte do airship. O comandante estava de costas para os operadores do airship, com as mãos cruzadas e olhando para o Vulcão Millude, que estava um pouco longe na distância.
- Senhor, acabamos de receber a mensagem de Shirley, vinda de Fletz.
- Ótimo. Faça o relatório da mensagem.
- A missão de espionagem foi concluída. O resultado foi como esperado. É a hora ideal para começarmos a operação.
- Perfeito.
Nisso, o comandante da missão se virou e seguiu em direção a uma das máquinas que tinha um microfone. O comandante o ligou e começou a falar por ele.
- Atenção, tripulação do Ghis. Aqui é o seu comandante Gilgamesh falando. Permissão concedida para começarmos a Operação Fletz! – disse Gilgamesh.
Gilgamesh retornou a posição onde estava e gritou para os operadores da ponte do Ghis.
- Ouviram, seus vermes? Sigam para Fletz a toda velocidade! A Operação Fletz vai começar! Preparem as armas!
- Sim, senhor! – disseram os soldados.
O airship Ghis ganhou velocidade e se aproximava de Fletz cada vez mais. Gilgamesh apontou para o vulcão e gritou uma ordem para os soldados.
- Preparem os mísseis!
- Mísseis prontos, senhor! – gritou um soldado.
- Mirem na cidade e no castelo. Atirem! – ordenou Gilgamesh.
Os mísseis do Ghis saíram em alta velocidade e atingiram a parte superior do vulcão. Alguns mísseis bateram no muro. Outros acertaram a cidade em cheio. O impacto dos mísseis fez canos de lava estourar e acordar os cidadãos de Fletz em pânico.
- Aproximem mais do vulcão! Liberem a rampa de desembarque! – ordenou Gilgamesh.
O Ghis se aproximou da muralha do vulcão com a rampa de desembarque aberta. Soldados Tia’branos começaram a descer por ela para invadir a cidade.
O airship Ghis. Uma versão aprimorada do aiship Leviathan.
- Abduzam a princesa! Tragam-na para mim! E abatam qualquer um que tente impedir vocês! – ordenou Gilgamesh pelo rádio enquanto descia da rampa de desembarque.
O comandante da Armada de Netuno sacou sua katana e olhava para a cidade sendo atacada. Com uma gargalhada maléfica declarou.
- Me aguarde, princesa. O resgate está chegando. – gargalhou Gilgamesh enquanto descia o muro da cidade.
A Operação Fletz estava acontecendo de acordo com os planos de Gilgamesh. Os soldados de Tia’bra invadiram a cidade não só abatendo os soldados de Fletz. Aproveitavam a oportunidade para invadir as casas e saquear a população. A cidade estava um caos.
Llynx acordou com o barulho da operação. Ele acordou Melodia para avisar o que estava acontecendo na cidade.
- Pelos deuses! Você tinha razão, Llynx! – disse Melodia. – O que vamos fazer?
Nisso, Llynx invocou as Shadow Blades e abriu a porta.
- Você ainda pergunta? Prepare-se! – orientou Llynx.
Melodia rapidamente colocou sua capa e seu chapéu vermelhos, equipou sua Stinger e partiu para lutar contra os soldados Tia’branos.
Os soldados Tia'branos invadem Fletz.
Não muito longe dali, Maya já estava lutando e derrotando alguns soldados. Depois de derrotar mais de uma dúzia de soldados, uma bala atingiu de raspão seu braço esquerdo. Quando ela se virou para ver quem atirou, ela teve uma surpresa. Era Shirley, que estava segurando uma pistola. Ao lado dela, estavam Dana e Tana também armadas.
- É hora de pagar pelo que fez, sua vaca. – disse Shirley para Maya.
O Trio Fatale partiu para cima de Maya atirando, mas Llynx e Melodia chegaram a tempo para salvar a parceira. Llynx pegou Maya e saltou alto com ela para desviar dos tiros enquanto Melodia usava seu Limit Break de Multicast. Melodia lançava várias Black Magicks contra os soldados Tia’branos e contra o Trio Fatale. Llynx já estava caindo quando Maya pediu um favor.
- Deixa essa maldita da Shirley pra mim, Llynx. Pode me soltar!
Assim foi feito. Llynx soltou Maya de forma que ela caísse sobre Shirley. Durante a queda, Maya assobiou para chamar a atenção da líder do Trio Fatale.
- Ei, vadia! – gritou Maya para Shirley. – Engole essa!
Shirley nem teve tempo de olhar para cima direito e foi atingida com tudo no rosto por um soco dado por Maya. O soco foi forte o suficiente pra quebrar o nariz da caçadora de recompensas. Maya caiu sobre Shirley que ficou desacordada no chão com a força do impacto.
Dana e Tana se distraíram com a queda de Maya sobre Shirley que nem notaram dois Thunder seguidos de dois Blizzards lançados por Melodia. As duas ficaram paralisadas com o choque. Melodia e Llynx ajudaram Maya a se levantar.
- Você está bem? – perguntou Llynx para Maya.
- Estou ótima! Foi o soco mais bem dado que eu já dei na minha vida. O próximo vai ser na cara daquele desgraçado do Gilgamesh. – disse Maya enquanto acariciava sua mão que socou Shirley.
- Você vai ter tempo pra isso depois. Vamos para o castelo ver se Anitta e Marco estão bem. - disse Melodia.
Enquanto os três corriam na direção do castelo, o que Llynx temia já estava acontecendo. Vários soldados Tia’branos já haviam capturado a princesa para leva-la para Gilgamesh. Marco correu para o quarto de Anitta, mas ela já não estava mais lá. Ele correu por todo o castelo procurando a princesa até que encontrou duas pessoas em quem poderia confiar.
- Biggs! Wedge! – gritou Marco para os agregados da Armada de Urano.
Biggs e Wedge se viraram na mesma hora para falar com Marco.
- Capitão! Que bom que encontramos o senhor! – disse Wedge.
Marco correu na direção dos dois e parou para obter informações.
- O que está acontecendo? Onde está a princesa? – perguntou Marco.
- Senhor, o Capitão Gilgamesh enlouqueceu! – disse Biggs com desespero. – Vossa Majestade, o Imperador ordenou para que ele trouxesse a princesa de volta a Tia’bra custe o que custasse!
- Como assim? – Marco ficou confuso. – Esse ataque é ordem do Imperador?
- Parece que sim, senhor.
Marco não estava conseguindo acreditar no que Biggs disse. Como o Imperador pode fazer isso no reino do próprio irmão? Ainda mais o Imperador Cid que ele confiava tanto. Era impossível acreditar naquilo.
- Onde está a princesa? – perguntou Marco.
- Vimos alguns soldados da Armada de Netuno leva-la para baixo. – disse Wedge.
- Vamos atrás dela! Não podemos deixar Gilgamesh pegar Anitta! – ordenou Marco.
Marco, Wedge e Biggs desceram para o salão de entrada para encontrar a princesa. Lá, a luta estava acirrada. Os soldados Tia’branos lutavam contra os soldados de Fletz enquanto Gilgamesh segurava Anitta. Os três chegaram e avistaram Anitta com Gilgamesh.
- Anitta! – gritou Marco.
Gilgamesh percebeu a presença do irmão no salão e correu para a sala do trono carregando Anitta. A princesa gritava por socorro a todo momento. Marco, Biggs e Wedge atravessaram o salão de entrada, passando pelos guerreiros que lutava. Na sala do trono, estava o rei Daminraff com alguns soldados esperando por Gilgamesh. O líder da Armada de Netuno até tentou recuar, mas estava encurralado por seu irmão e seus companheiros.
- Desista, Gilgamesh. – disse Marco.
- Entregue a princesa agora! – ordenou Daminraff.
- Sinto muito, mas acho que não vai dar. – disse Gilgamesh com uma risada. – Enkidu! Venha me ajudar!
Um cachorro enorme pulou sobre Marco e ficou ao lado de Gilgamesh. Junto com Enkidu, chegaram alguns soldados da Armada de Netuno que partiram para cima de Biggs, Wedge e os soldados de Daminraff. Marco, armado com a Defender, avançou para cima de Gilgamesh, mas Enkidu pulou sobre o paladino e começou a lutar contra ele.
- Enkidu! Pare com isso! Não lembra de mim? – ordenou Marco.
Gilgamesh gargalhou mais uma vez.
- Ele não te obedece mais, irmãozinho. Treinei ele apenas para me obedecer agora. – disse Gilgamesh. – Mate-o, Enkidu.
- Não! Pare, Enkidu!
Enkidu já ia morder a jugular de Marco quando foi atingido por um raio de sombras. Enkidu caiu perto de Gilgamesh, mas se levantou rapidamente. Marco se levantou para ver quem tinha o ajudado. Era Llynx que estava acompanhado de Maya e Melodia.
- Llynx! Maya! Melodia! Vocês vieram. – disse Marco.
- É claro. Não acha que a diversão da batalha ia ficar só pra você, não é? – disse Melodia.
- Claro que não. – respondeu Marco enquanto se levantava.
- Agora é a sua vez, Gilgamesh, seu maldito! – gritou Maya com sua Khukri armada.
- Maldição... – suspirou Gilgamesh.
Nisso, Gilgamesh tirou do bolso uma bomba de fumaça e a explodiu no chão. A visibilidade na sala do trono ficou nula por alguns instantes. Quando a fumaça cessou, Gilgamesh, Anitta e Enkidu já não estavam mais lá.
- Droga! Onde ele pode ter ido? – perguntou Marco.
- Ele só pode ter ido para o cais de airships do castelo. – disse Daminraff. – Ele não pode voltar para a cidade por causa do tumulto e da lava que está escorrendo dos canos. Como eles vieram por airship, a única rota de fuga dele será pelo cais.
- Então vamos! – gritou Marco.
Daminraff orientou Marco como chegar ao cais a tempo de salvar Anitta. Seguido por Llynx, Maya e Melodia, Marco correu pelos corredores do castelo até alcançar o cais. Lá, Gilgamesh acompanhado de Enkidu discutia com Shirley. Ela pedia ajuda a seu chefe para lhe dar mais uma chance.
- Sua inútil! Você não nem conseguiu detê-los para mim! Fraca! – gritou Gilgamesh para Shirley.
Nisso, Gilgamesh acertou Shirley com um soco, machucando seu rosto ainda mais. O nariz dela sangrava muito e o olho ficou roxo. Shirley ficou caída no chão dolorida. O líder da Armada de Netuno usou seu comunicador por alguns intantes.
- Estou no cais! Ande logo com essa merda! – gritou Gilgamesh para um dos soldados via rádio.
- Gilgamesh, pare! – gritou Marco.
- Marco! Me ajude! – gritou Anitta em desespero.
- Não me atrapalhe, Marco! Fique fora de meus planos! – disse Gilgamesh sacando sua katana.
- Solte Anitta agora!
Marco atacou Gilgamesh com a Defender várias vezes. Os companheiros de Marco também tentaram atacar. Porém Enkidu entrou na frente dos ataques e começou a lutar contra os três. Gilgamesh conseguiu se proteger da maioria dos golpes que levava do irmão. Um deles foi forte o suficiente para causar um choque entre os dois. Marco forçava a Defender contra Gilgamesh.
- Desista! – gritou Marco.
- Nunca!
Gilgamesh soltou Anitta por um instante e acertou Marco com um soco. Ele rapidamente recuperou a princesa e correu em direção ao fim do cais. Com Anitta debaixo de um dos braços, Gilgamesh pulou do alto do cais do castelo de Fletz.
- Não!! Anitta! – gritou Marco em desespero.
Marco correu para onde Gilgamesh tinha saltado e teve uma surpresa. Dois airships menores carregavam um robô aracnídeo gigantesco. Os airships soltaram o robô sobre a pista e de dentro dele, veio a risada insana de Gilgamesh transmitida por um alto-falante.
- O que achou do meu brinquedinho, Marco? Este é o X-ATM099, mas eu o chamo de Aranha Assassina. Então, quer brincar?
O robô levantou suas garras dianteiras para agarrar Marco. O paladino conseguiu desviar e começou a golpear as pernas da aranha mecânica. Llynx percebeu que Marco estava lutando sozinho contra aquela máquina mortífera e avisou para Melodia e Maya.
- Marco precisa de ajuda. Uma de vocês vá lá ajuda-lo.
Maya deixou que Llynx e Melodia tomassem conta de Enkidu enquanto ela foi ajudar Marco. Os dois tentavam acertar a cabine de Gilgamesh, mas sempre erravam ou levavam um ataque de uma das pernas do robô. Em um momento da batalha, o robô quase esmagou Shirley que ainda estava caída no chão. No último instante, Maya salvou a inimiga e a encostou num lugar longe do robô.
A Aranha Assassina.
- Você... – suspirou Shirley. – Me ajudou...
- Não me pergunte por quê! Tô ocupada agora! – Maya deixou Shirley e voltou a lutar contra o robô aranha de Gilgamesh.
Ela subiu por uma das patas da aranha, saltou sobre o robô para ataca-lo, mas uma das garras dianteiras a prendeu. Marco tentou salvar Maya. Num pequeno descuido, o paladino tropeçou e caiu. A outra garra da aranha pegou Marco.
- E agora, preparem-se pra morrer! – gritou Gilgamesh.
As garras começaram a apertar os dois com força e a transmitir choques. Marco e Maya gritavam de dor. Anitta estava em pânico dentro da cabine. Não podia ajudar. De repente, tiros de um lança-granadas acertaram as garras, destruindo-as.
- Olha aqui, seu otário! – gritou Shirley com o lança-granadas na mão. – Nunca me chame de fraca!
Shirley lançou mais granadas no robô, danificando-o seriamente.
- Aí, paladino! – gritou Shirley para Marco. – É a sua vez! Acaba com esse desgraçado!
- Com prazer. – disse Marco.
Marco começou a brilhar. Estava pronto para lançar mais um Limit Break.
- Experimenta essa! LIMIT BREAK! Iai Strike!
A Defender de Marco começou a brilhar num tom azul intenso. Ele apontou a espada para o robô. Da ponta da espada, saiu um feixe de luz que atravessou o robô. A máquina ficou ainda mais danificada e começou a explodir. Antes que ela explodisse por completo, a cabine de Gilgamesh desacoplou do corpo do robô aracnídeo.
Com a explosão, a cabine foi lançada alto no ar. Como estava muito danificada, a cabine não aguentou o impacto da velocidade com que foi lançada e se rompeu. Anitta e Gilgamesh começaram a cair.
- Anitta!!! – gritou Marco.
Anitta começou a cair do alto do vulcão juntamente com Gilgamesh. Marco ficou em choque. Ele não conseguia acreditar que falhou na sua missão. Ele se ajoelhou e colocou as mãos no rosto.
- Não... não pode ser. – pensava ele consigo mesmo. – Anitta... como? Como eu pude permitir...
Maya colocou suas mãos sobre os ombros de Marco, tentando consola-lo. Antes que pudesse começar a cair em prantos por ter perdido Anitta. Algo surpreendente aconteceu.
O Ghis começou a subir pelo local onde Gilgamesh e Anitta caíram. Na rampa de desembarque estava Gilgamesh com muitos ferimentos e Anitta também machucada, porém desacordada. Antes que pudesse voar alto, Maya largou Marco e correu em direção ao airship.
- Não! Não vou deixar você levar ela! – gritou Maya.
Marco ouviu as palavras que Maya disse e tirou as mãos do rosto. Ela correu em direção ao Ghis e saltou tentando alcançar a rampa. Infelizmente ela só conseguiu segurar-se em uma das asas do airship. Ela usou sua Khukri pra perfurar a lataria do airship para que ela pudesse se segurar. Gilgamesh não percebeu que Maya conseguiu se segurar na asa do airship. Ele pegou um alto-falante para provocar Marco.
- Você quase conseguiu, irmãozinho. Mas não foi dessa vez ainda! Prepare-se! Uma nova ordem mundial vai começar em breve! – anunciou Gilgamesh com uma gargalhada maléfica enquanto o Ghis pegava altitude.
- Não! Anitta!!! ANITTA!!! – gritou Marco.
O Ghis pegou altitude e partiu. Sumiu rapidamente no horizonte seguido de vários pequenos airships com os soldados Tia’branos sobreviventes da Operação. Marco gritava o nome de Anitta com força enquanto era segurado por Llynx e Melodia. Mas já era tarde demais. A Operação Fletz foi um sucesso. Gilgamesh conseguiu escapar com Anitta.
E agora? O que poderá acontecer? Será que Marco conseguirá salvar Anitta antes que Gilgamesh cumpra seu propósito? Por que Gilgamesh perseguiu Anitta? O que ele quer com ela? E Maya? Conseguirá ela sobreviver à viagem na asa do Ghis? E a afirmativa que Biggs e Wedge fizeram sobre a Operação Fletz ter sido comandada pelo Imperador Cid? Será verdadeira? Que rumo tomarão os nossos heróis agora que Anitta foi raptada?
Essas perguntas serão respondidas no capítulo 8 da fanfic Final Fantasy XV! Não percam o próximo capítulo: Capítulo 8: Conspiração.

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