O calor em Valendia era infernal naquele dia. A terra
daqueles vales ardia com a força que o sol brilhava. Em um lugar daqueles
vales, mais especificamente no sopé do Vulcão Millude, as pessoas sofriam com
aquele clima insuportável. Os guardas da Capital de Fletz guardavam os portões
da entrada da capital. A patrulha em volta do vulcão era como andar pior que se
exercitar em uma sauna.
Não eram só os guardiões dos portões que eram castigados
pelo calor. O grupo de Anitta, que pouco faltava para alcançar o sopé do
vulcão, também sofria naquele calor todo. Ainda por cima estavam fracos e
exaustos devido as lutas que tiveram que travar contra monstros que habitam o
vale, sem falar na luta que tiveram contra o Trio Fatale. Se não fosse pelo
Limit Break de Maya, talvez estivessem mortos a uma hora dessa.
O sopé do vulcão estava localizado praticamente no centro
de Valendia. Parte do local era coberta por um paredão que diminuía a medida
que ele contornava o sopé. Quem vinha do sul, como Marco e seus companheiros de
viagem vieram, tinha que passar por uma estrada que passava por baixo desse
paredão e saía praticamente na entrada de um dos portões, no sopé do Millude. No
outro lado do vulcão tinha um outro portão para entrar em Fletz, dava para um
barranco e uma estrada que dava acesso para a parte norte do vale.
O grupo se aproximou do portão sul do vulcão para
interagir com os guardas que o guardavam.
- Boa tarde, viajantes. – disse um dos guardas.
- Boa tarde. – respondeu Marco, educadamente. – Desejamos
entrar em Fletz. Podemos?
- Claro. Contanto que você me apresente a sua autorização
de entrada na capital, vocês poderão passar.
- Autorização?
- Sim. É como um passaporte de entrada. Vocês tem o
passaporte, não tem?
Marco não sabia que precisava de autorização para entrar
em Fletz por Valendia, pois todas as vezes que ele entrou na capital monarca
foi por airship.
- Não sabia que precisava de um.
- Então, infelizmente, não posso deixar vocês passarem.
Marco olhou para o grupo, procurando alguém que pudesse o
ajudar naquela situação.
- Como fazemos para conseguir essa autorização de
entrada? – perguntou Melodia para o guarda.
- Vocês deveriam ter entrado em contato com algum guia de
turismo para conseguir um formulário com a permissão. Em Fontaine havia uma
forma de conseguir um com facilidade. Era só vocês terem ido pedir informação
na agência ferroviária de lá.
Anitta receava ter que ficar naquele vale e correr o
risco de ser caçada de novo. Então, ela resolveu interagir com o guarda.
- Por favor, senhor. – disse a princesa em tom suave. –
Não sabíamos dessa autorização. E não podemos voltar para Fontaine. O dia está
muito quente e precisamos entrar com urgência.
O guarda olhou bem para Anitta.
- Perdoe minha indiscrição, senhorita, mas seu rosto me é
familiar. Quem é você?
Anitta pensou em revelar sua identidade, mas se lembrou
de que Llynx havia pedido para manter a discrição ao se identificar. Anitta
procurou um olhar de permissão em Llynx e Marco. Não havia outra opção, tinha
que dizer quem era para poder continuar. Anitta usou toda sua formalidade real
para se identificar.
- Meu nome é Anitta Veserus Von Tia’bra, princesa do
Império Tia’brano e herdeira do trono de Cidian Aphonsus Von Tia’bra III. –
Anitta puxou parte da sua calça, como se fosse um vestido, durante sua
apresentação e fez uma reverência ao guarda como se ele fosse um nobre.
O guarda se espantou ao confirmar que era a princesa de
Tia’bra.
- Alteza! Me perdoe! Não sabia que era Vossa Graça que
estava acompanhada destes viajantes. – o guarda estava envergonhado com a
atitude dele. Ele se ajoelhou perante a princesa procurando perdão.
- Não se preocupe. – disse ela. – Você só estava fazendo
seu trabalho. E por sinal estava fazendo muito bem.
- Obrigado, Alteza. Por favor, me sigam, vou abrir os
portões de Fletz para vocês.
O guarda virou de costas para o grupo e gritou para seus
colegas abrirem os portões. Em poucos instantes, os grandes portões de ferro
começaram a se abrir. Quando se abriram por completo, o guarda acompanhou o
grupo de Anitta pelo caminho recém-aberto. Caminharam por um corredor de ferro
até o seu fim.
- E agora? – perguntou Marco.
- Aqui tem um elevador que vão levar vocês para cima. Eu
fico por aqui mesmo. – respondeu o guarda.
- Muito obrigada por nos ajudar. – agradeceu a princesa.
- Avisarei aos guardas do castelo para que possam receber
vocês quando chegarem lá em cima. Até logo. – o guarda se despediu e acionou um
botão na parede.
Nisso, a parte do chão onde Anitta e os outros estavam se
levantou um pouco. Uma parede de metal desceu do teto, separando-os do guarda e
grades de proteção surgiram ao redor da plataforma. Poucos instantes depois, a
plataforma começou a subir vulcão acima.
Logo depois de começar a subir, as paredes de ferro do
elevador ficaram para trás. Agora estavam numa parte que o elevador era
revestido com vidro. Com isso foi possível ver a paisagem dos vales de
Valendia. Era uma visão muito bonita. Enquanto todos se distraíam com a
paisagem, Anitta se aproximou de Llynx, que estava com os braços cruzados como
se estivesse chateado com aquela situação.
- Llynx... – disse ela com um pouco de receio. – Você
acha que eu fiz certo de revelar minha identidade para os guardas?
Llynx suspirou e respondeu Anitta.
- Bom, acho que foi por uma boa causa. Se não fosse por
isso, talvez não encontraríamos outra forma de subir o vulcão.
- Que bom que fiz a coisa certa. – disse Anitta aliviada.
Um súbito silêncio caiu sobre Llynx e Anitta. Não demorou
para que esta quebrasse o gelo.
- Quando alcançarmos o topo do Millude, minha pequena
aventura vai chegar ao fim.
Llynx não respondeu, mas descruzou os braços e inclinou
sua cabeça para Anitta, tirando seu olhar da paisagem.
- Acho que no final das contas eu devo lhe agradecer por
me ter raptado. – disse Anitta, olhando para o horizonte. – Se não fosse por
você, a uma hora dessas estaria trancafiada no meu quarto, entediada e
imaginando como o mundo seria e o que eu faria da minha vida.
Anitta desviou o olhar do horizonte e se voltou para
Llynx de novo.
- A viagem foi curta, mas foram dias muito bons. – disse
ela. – A fuga dos imperiais, a travessia do Jardim da Morte e do Vale Valendia,
meus passeios em Fontaine e Ghest’al. Foi tudo muito divertido. Eu lhe agradeço
muito por ter me proporcionado isso, Llynx.
Anitta sorriu para Llynx, mas o sorriso pareceu ter se
perdido na escuridão do rosto dele. Sem deixar parecer, Llynx sentiu uma ponta
de satisfação por ter feito aquilo tudo. Afinal, foi por causa dele que estavam
ali. Se não fosse a iniciativa dele em curar Melodia, isso não teria
acontecido.
A princesa se afastou um pouco do mago e resolveu se
juntar a Maya e Melodia, que admiravam a paisagem bem próxima do vidro do
elevador.
- Não foi nada, princesa. – respondeu ele com um tom mais
baixo da frieza costumeira.
Anitta parou quando ouviu a resposta de Llynx. Ela sorriu
novamente e se juntou às companheiras de viagem. Marco viu a cena e ficou
pensativo quanto à vontade da princesa de voltar para casa. Ela não parecia
feliz por estar retornando a Tia’bra. Talvez fosse melhor pra ela ficar fora de
lá, mas isso poderia custar muito alto para Marco. Quem sabe ele possa perder
sua patente de capitão da Armada de Urano. Mas nada vinha na cabeça dele. Não
conseguia achar uma maneira de ajudar Anitta.
Depois de alguns minutos, o elevador chegou começou a
frear. Estavam chegando ao topo do Millude. A vista de cima do vulcão era
incrível. Era possível ver quase toda Valendia e Fontaine na distância. O lugar
era perfeito, mas olhar para o sopé da montanha dava tontura.
Quando o elevador parou, uma porta de ferro surgiu na
parte de trás dele. O vidro e a porta abriram, liberando uma passagem para outro
corredor de ferro. Nele, estavam os guardas de Fletz que aguardavam pela
chegada da princesa. O grupo foi recebido pelo comandante dos guardas. O
comandante se aproximou de Anitta e se curvou diante da princesa.
- Seja bem vinda a Fletz, princesa Anitta. – disse o
comandante na maior formalidade possível. – É uma honra recebe-la em nossa
cidade.
- Obrigada, senhor comandante. – respondeu Anitta com um
sorriso meio forçado.
- Me acompanhe, por favor. Vossa majestade, o rei Daminraff,
a espera.
Antes de seguir caminho com o comandante, Anitta se
lembrou que não estava sozinha e pediu ao comandante para que seus companheiros
de viagem a acompanhassem até Daminraff. O comandante não viu problemas e
permitiu que eles seguissem caminho também. Ao sair do corredor de ferro,
Anitta pode ver a luz daquela tarde pairando sobre a cidade.
Fletz era uma cidade de arquitetura medieval. Por estar num
vulcão, o material dos edifícios de Fletz era uma rocha derivada da lava. Essa
rocha era um material tão resistente que nem uma bala de uma escopeta poderia
perfura-la. A cidade situava dentro de uma cratera, no topo do Millude. As
partes mais altas da cratera funcionavam como uma muralha, fornecendo proteção
à cidade. Alguns edifícios, como o Castelo Salamandra e o aeródromo
possibilitavam uma visão do horizonte acima da cratera.
Uma cidade dentro de um vulcão, similar a Fletz. |
Outra coisa interessante em Fletz eram os tubos de lava
que percorriam a cidade toda. Ao contrário de Tia’bra, a principal fonte de
consumo dos habitantes de Fletz era a lava retirada do parcialmente inativo
Vulcão Millude. Uma bomba sugava a lava do centro do vulcão e a transportava
pela cidade por tubos de vidro. A lava era tão intensa que, durante a noite, os
tubos de lava eram usados como fonte de iluminação. A lava era usada também
para ser convertida em energia e como principal fonte para criação de armas.
Graças a isso, Fletz se tornou um dos lugares mais propícios para ferreiros
expandirem os seus negócios.
Fletz foi criada dessa forma, pois durante a Campanha dos
Espers, era uma das bases humanas mais vulneráveis por estar próximo ao céu. As
fortalezas dos Neo-humes ficavam alguns metros acima das nuvens, onde podiam
“monitorar” tudo o que acontecia em terra. Fletz foi fundada em cima do Vulcão
Millude por este ser um dos pontos mais altos e acessíveis aos humanos. Estar
lá em cima era uma forma de vigiar ações dos Neo-humes de perto. Assim, a
capital monarca focou na construção de telescópios para observar as bases
voadoras dos Neo-humes.
Com o fim da Campanha, os telescópios foram aprimorados
para o estudo dos astros. Isso fez Fletz ser conhecida pelo mundo por ser um
lugar onde a astronomia era avançada. Além disso, por estar sobre um vulcão
agora parcialmente inativo, Fletz era conhecida também pelas fontes termais.
Desde o fim da Campanha com a queda do tirano Lucemia, rei dos Neo-humes, Fletz
tem sido considerado um dos maiores pontos turísticos do mundo tanto em termos
históricos quanto em termos de lazer.
O comandante e os guardas orientaram Anitta novamente a
continuar a segui-los até o castelo. Anitta estava feliz por estar de volta a
Fletz. E estava ainda mais feliz por ter feito isso sem estar perto de seu pai,
o Imperador Cid. Lembrar de Cid fazia Anitta lembrar também que sua viagem
estava acabando. Isso fez a alegria da princesa desparecer em segundos.
Os guardas escoltaram a princesa e o grupo até o castelo,
onde foram recebidos pela guarda do rei com direito a trombetas soando,
anunciando sua chegada. Haviam poetas e arautos que gritavam para o povo o
acontecimento.
- A princesa Anitta de Tia’bra está aqui! Reverenciemos a
vossa graça!
Alguns civis que passavam pelo castelo se ajoelhavam ao
perceber que a princesa de Tia’bra estava ali. Normalmente Anitta agradecia as
reverências dos civis quando era recebida em uma cidade diferente, mas naquele vez
ela não estava bem. Seu carisma fora todo substituído por uma sensação de
sofrimento e angústia.
Os guardas seguiram com o grupo até o salão de entrada do
castelo. De repente pararam e o comandante se virou para Anitta mais uma vez.
- Vossa alteza, o rei Daminraff a espera além do portal
da sala do trono. Foi uma honra escolta-la até aqui. – disse o comandante. –
Porém apenas Vossa Alteza e o Capitão Marco podem prosseguir. Os seus
companheiros devem voltar.
Aquelas palavras deixaram Anitta pior. Ela pensou que
estaria com seus companheiros de viagem até o momento de sua partida para
Tia’bra. Não naquele momento. Anitta e Marco se aproximaram de Llynx, Maya e
Melodia para se despedir dos companheiros.
- Bom, acho que chegou a hora de dizer... adeus. – disse Melodia,
triste.
Marco abaixou a cabeça perante os três como uma forma de
agradecimento.
- Agradeço a vocês por seguirem viagem conosco. Sou grato
por vocês terem me ajudado a trazer a princesa até aqui. E agradeço também pela
ajuda tanto na minha recuperação do Jardim da Morte quanto nos vales hoje pela
manhã. Espero que vocês fiquem bem e que os deuses abençoem seus caminhos.
O paladino deu espaço para Anitta se despedir. A princesa
estava muito triste e emocionada. Ela foi primeiro se despedir de Melodia.
- Melodia, espero que você fique bem a partir de agora.
Você é uma guerreira por ter sobrevivido tanto tempo. Se precisar de alguma
coisa, venha até Tia’bra que eu a receberei com prazer.
- Obrigada, Alteza. – disse a Red Mage. – Você é uma
pessoa muito boa. Tenho orgulho de ter lutado ao seu lado. E sou muito grata a
você por ter salvo a minha vida. Que os deuses a abençoe.
Anitta sorriu. Melodia e Anitta apertaram a mão uma da
outra para se despedir. Depois, foi a vez de se despedir de Maya. Ela já estava
com os olhos cheios de lágrimas. Maya não conseguia falar de tão nervosa.
- Você me ajudou muito, Anitta. – disse Maya. – Depois
que você salvou a minha vida no trem passamos por situações difíceis, não é?
Parece que ficamos amigas com isso. – Maya estava muito emocionada.
- Nos tornamos. – disse Anitta enquanto segurava as mãos
de Maya. – Sempre que precisar pode me procurar, ok?
Maya sorriu com o comentário de Anitta. As duas seguravam
as lágrimas o máximo que podiam.
- Anitta, me prometa uma coisa.
- O que foi, Maya?
Maya não pôde mais conter suas lágrimas.
- Prometa que vai ficar bem. Prometa que vai cuidar de si
mesma e que nunca vai abandonar os seus amigos e nem os seus sonhos.
Anitta sentiu uma forte vontade de chorar. Ela respirou
fundo para segurar mais as lágrimas, mas acabou deixando algumas caírem. Nisso,
Anitta abraçou Maya forte.
- Eu prometo, Maya. Prometo.
As duas se soltaram do abraço e enxugaram os rostos molhados
enquanto davam pequenas risadas. Depois foi a vez de Anitta se despedir de
Llynx.
- Llynx, devo muito a você. Foi você quem proporcionou
essa aventura. Se não fosse o meu rapto, estaria trancafiada e agonizada em
casa agora.
Llynx demonstrou um pouco de consideração pela princesa.
- Fiz isso para ajudar Melodia. Foi apenas um acaso. –
disse ele friamente.
- E foi um feliz acaso. Agradeço você por isso e espero
que seu caminho seja repleto de bençãos. – a princesa disse isso estendendo a
mão para o Black Mage.
Llynx se surpreendeu um pouco, mas não demonstrou sua
surpresa. Ele estendeu a mão para Anitta e os dois apertaram as mãos.
- Se cuida. – disse ele.
Anitta soltou a mão de Llynx e sorriu pela última vez
para o seu raptor. Ela deu um aceno de adeus para os três e seguiu o caminho
para a sala do trono do rei de Fletz com Marco. Eles subiram as escadas do
tapete vermelho que a levaram para a sala do trono do monarca Daminraff
enquanto Maya, Llynx e Melodia saíam do castelo.
A sala do trono era enorme, porém menor que a de seu pai,
o imperador de Tia’bra. As paredes eram feitas de rocha revestidas com mármore.
Em alguns pontos da sala havia pequenas fontes que jorravam uma lava menos
densa. Cortinas e bandeiras vermelhas com o brasão de Fletz decoravam a sala do
trono. Era um belo ambiente.
O rei Daminraff se levantou de seu trono quando viu a
princesa Anitta se aproximar. Daminraff era uma pessoa de estatura mediana. Era
um homem já de idade. Tinha uma barba com fios grisalhos e cabelos nas laterais
da cabeça. Era meio gordo. Usava um longo manto vermelho com o brasão de Fletz
e uma coroa decorada com gemas vermelhas. Segurava uma bengala de prata com a
mão esquerda para ajudar no apoio da perna esquerda ferida em batalha.
O rei desceu do seu altar e foi ter com a princesa.
- Seja bem vinda, Anitta. Minha querida. – disse o rei de
braços abertos.
- Olá, tio Daminraff. – respondeu a princesa com uma
reverência ao tio. Marco também o reverenciou.
Daminraff abraçou a sobrinha e deu um beijo em sua testa,
abençoando-a.
- Que bons ventos a traz até aqui? Veio me visitar? –
perguntou o rei.
Anitta estava deprimida. Pensava no que iria dizer ao tio
desde que entrou no elevador no sopé do vulcão. Nisso, Marco interveio.
- Com licença, vossa graça. – disse o paladino. – Sou
Marco Adalbert Fair, capitão e líder da Armada de Urano e guarda-costas da
princesa Anitta Von Tia’bra. Viemos aqui para levarmos a princesa a salvo de
volta para Tia’bra.
- Ah sim... – respondeu Daminraff, alisando sua barba com
a mão esquerda. – Soube da notícia de seu rapto, Anitta. Você está bem?
- Estou sim, Alteza. – respondeu Anitta, meio cabisbaixa.
- Que bom saber disso. Soube também que você foi vista em
Ghest’al e Fontaine. Você escapou de seu raptor?
- Sim, ela ficou bem, Alteza. – disse Marco. – Viemos
para Fletz junto com um grupo de viajantes.
- Ah sim. – disse o rei enquanto coçava sua barba
grisalha.
- Vossa Majestade, queríamos retornar a Tia’bra logo. Acha
que podemos voltar ainda hoje? – perguntou Marco.
Daminraff suspirou.
- Creio que não, rapaz. Não podemos levar vocês por
airship, pois o aeródromo de Fletz está sendo reformado. E o cais do porto do
castelo está vazio. Hoje está meio fora de mão.
Ao ouvir isso, Anitta teve uma súbita esperança de que
seu desejo de liberdade durasse mais tempo.
- Vossa Alteza sabe quando terá um airship disponível? –
perguntou Marco.
- Creio que amanhã chegará um de Jamidi logo pela manhã.
Vocês podem ir nele para Tia’bra assim que ele chegar.
O interior do Castelo Salamandra, o castelo de Fletz. |
- Obrigado, Vossa Alteza. – disse Marco. – Retornaremos
ao castelo pela manhã.
Marco já ia se ajoelhar perante o rei para agradece-lo e
ir embora, mas o rei o impediu de ajoelhar.
- E quem disse que vocês vão passar a noite fora do castelo?
– disse o rei com uma gargalhada. – Você não quer que eu faça minha sobrinha
dormir em um hotel quando ela vem me visitar, quer?
Marco riu com o comentário do rei.
- É brincadeira. – riu Daminraff. – Vocês podem ficar
sim! São bem vindos no meu castelo. Vou pedir para arrumarem seus aposentos.
Damiraff chamou um empregado para que levasse os
convidados para os aposentos de hóspedes do castelo. O empregado guiou Anitta e
Marco até os seus quartos e informou sobre um banquete logo mais a noite. O
empregado deixou Marco em um quarto mais próximo do salão de entrada enquanto
Anitta foi colocada em um quarto numa parte mais alta do castelo.
Ao entrar no quarto e fechar a porta, a princesa suspirou
fundo e se sentou na cama. Estava muito triste em saber que sua aventura
terminou e iria para casa no dia seguinte. Ela ficou alguns instantes sentada e
depois seguiu em direção à sacada do quarto. O pôr-do-sol e um vento de fim de
tarde batiam no rosto de Anitta. Faziam semanas que ela não observava algo e refletia
sobre ela mesma.
Ela olhou para baixo e viu a cidade de Fletz e seus
habitantes, na esperança de ver Maya, Melodia ou Llynx. Como não obteve
sucesso, deu uma olhada rápida nas casas, lojas, clínicas e outros edifícios e
passou a admirar o pôr-do-sol. Anitta se sentou na sacada e ficou admirando o
horizonte e imaginando que no dia seguinte ela retornaria à rotina de princesa
novamente.
De repente, alguém bate a sua porta.
- Princesa. Sou eu, Marco. Posso entrar?
Anitta estava distraída com o horizonte. Não respondeu ao
chamado de Marco. O paladino abriu a porta aos poucos, tentando localizar a
princesa. Quando a viu na sacada, ele anunciou sua entrada e se juntou à ela
para admirar o pôr-do-sol. Marco quis impressionar Anitta.
- Olhe só, consegui uma espada nova. Ela se chama
Defender e é ótima. O que você achou dela?
- Muito bonita. – disse Anitta sem tirar o olhar do
horizonte.
Marco ficou sem graça com a reação da princesa. Sabia que
ela estava mal e tentou ajudar.
- Você está bem? – perguntou o paladino.
- Infelizmente não, Marco. – Anitta desceu da sacada e
ficou em pé ao lado de Marco. – Poderia estar, mas não estou conseguindo ficar
bem.
Marco decidiu tentar consolar Anitta.
- Eu sei o que você está sentindo. Foi bom, não é? Sair
de Tia’bra, conhecer pessoas novas...
- Foi uma experiência incrível. Repetiria tudo novamente,
se pudesse.
- Sim, mas você tem que voltar a sua realidade. Você é
uma princesa. Você não pode ficar viajando e arriscando sua vida por aí.
- Por que eu não posso? – perguntou ela em um tom mais
forte. – Sou adulta, já posso fazer o que bem entender da minha vida.
- Você tem razão, mas as coisas não funcionam dessa
forma.
- Então você acha que eu deveria ficar presa dentro do
meu quarto o dia inteiro sem fazer nada, vendo a vida passar enquanto poderia
fazer outras coisas?
- Se for necessário, sim. O seu bem estar vai me afetar
também, não sabe?
Anitta riu ironicamente.
- Você não sabe como eu me sinto, Marco. Não pode dizer o
que eu devo fazer.
- Anitta, por favor, entenda! Digo isso porque eu só
quero o seu bem.
- Ah é?! – Anitta estava ficando furiosa. – Você quer o
meu bem? Você é meu pai pra dizer o que é certo e o que é errado? Você só diz
isso porque é o seu dever me proteger e me manter a salvo. Se eu sair como eu
saí de Tia’bra e acontecer algo comigo, meu pai vai acabar com sua raça. Não
acha que está sendo egoísta, Marco?
Marco já estava ficando sem paciência.
- Princesa, seja sensata. Não sou egoísta. Não quero
discutir com você. Me preocupo com você.
- Não estou interessada em sua opinião, capitão. Saia do
meu quarto. Não quero falar com você.
- Anitta...
- Saia agora! É uma ordem! – gritou Anitta apontando para
a porta e olhando para Marco com fúria.
Marco se calou e saiu do quarto de Anitta. Enquanto
fechava a porta, olhou uma última vez para Anitta.
- Me escute. – disse ele.
- Anda logo! Sai! – interrompeu ela.
Marco fechou a porta. Anitta estava muito nervosa. Ela se
sentou na cama e começou a chorar. Estava triste por ter que ir pra casa e por
ter sido grossa com Marco. Mas já não podia voltar atrás. A única coisa que ela
queria era deixar esses sentimentos ruins saírem por suas lágrimas.
O sol desapareceu no horizonte e a noite caiu. Fletz era
um lugar espetacular durante a noite. Os tubos de lava iluminavam a cidade de
uma forma magnífica. O céu estrelado e a lua brilhante ajudavam a iluminar o
caminho da cidade.
Enquanto Anitta e Marco participavam do banquete no
castelo, Melodia, Llynx e Maya decidiram passar a noite em Fletz antes de decidir
o que fazer. Os três escolheram um hotel onde tinha fontes termais. Enquanto
Maya se banhava em uma das fontes termais, Melodia e Llynx estavam jantando. No
meio da refeição Melodia resolve quebrar o silêncio.
- Llynx, o que faremos agora? – perguntou Melodia.
- Bom, - disse ele. – acho que por enquanto o melhor a fazer
é voltarmos para Fontaine.
Melodia deu mais uma garfada e continuou.
- Você está preocupado com alguma coisa. O que foi?
- Não estou preocupado. Impressão sua.
- Pare de fingir, Llynx. Me conte o que você tem. Conheço
você.
- Não quero te incomodar com meus problemas.
Melodia colocou sua mão sobre a de Llynx, que estava
apoiada na lateral da mesa.
- Vai querer conversar comigo?
Llynx parou de comer por uns segundos. Limpou-se com um
guardanapo antes de conversar com Melodia.
- Estou receoso de que algo possa acontecer em Tia’bra.
- Por que você acha isso?
- Quando nós pegamos o trem do Festival da Caçada em
Ghest’al para Fontaine tivemos um encontro com Gilgamesh.
- Gilgamesh? O capitão da Armada de Netuno?
- O próprio.
- E o que aconteceu?
- Maya atacou Marco pensando que ele fosse Gilgamesh. Ele
tinha feito alguma coisa contra a família dela e ela queria vingança. Gilgamesh
também estava atrás de mim por ter raptado Anitta. Tivemos uma luta no trem.
- Oh, céus. – Melodia ficou preocupada.
- E isso não foi o pior. Quando lutamos, Gilgamesh queria
reaver a princesa de qualquer forma. Viva ou morta, ferida ou não. Isso foi o
que me chamou atenção.
- Que coisa horrível. Por que ele faria isso à própria
princesa?
- Não sei. Mas quando lutamos, senti uma influência
negativa vindo dele. Já havia pressentido ela antes. Temo que Gilgamesh seja um
intermediário de uma catástrofe. E isso envolve a princesa e, consequentemente,
o trono de Tia’bra.
- Será que ele quer o trono do Imperador?
- É uma alternativa, mas acho que ele quer alguma coisa
com a própria Anitta.
- O que acha que ele pode fazer?
- Tudo o que for preciso para alcançar seu propósito. Por
isso quis trazer Anitta para Fletz. Tinha que ter certeza que ela pudesse se
livrar da ambição de Gilgamesh e retornasse em segurança para o Imperador.
Melodia ficou pasma com a situação de Anitta. Nunca imaginaria
algo tão terrível que poderia acontecer com ela.
- E o que você sugere que façamos?
Llynx levou sua mão em um copo com água e tomou um gole.
- Por enquanto, nada. Vamos terminar de jantar e dormir.
Amanhã veremos o que fazer.
Melodia soltou sua mão sobre a de Llynx para que ambos
terminassem a refeição e fossem dormir. Enquanto isso, Maya estava distraída na
fonte termal, pensando no que ela faria agora que Anitta foi embora. Ela temia
que Llynx não deixasse que ela seguisse viagem com eles e que ficasse sozinha
em Fletz. Maya não tinha pra onde ir. Agora que sua família fora assassinada,
ela estava sozinha. Maya ficou um bom tempo pensando nisso.
Uma hora percebeu que tinha ficado mais tempo do que
precisava na fonte termal. Como estava sem sono, Maya se vestiu e resolveu
passear pela cidade durante a noite. Ainda não tinha decidido o que fazer. Ela
se sentou em um banco e começou olhar para o céu. Ela se lembrou de sua família
e lágrimas rolaram. Maya estava muito triste por temer ficar sozinha.
Se Maya não estivesse tão distraída pensando na vida,
perceberia algo importante que estava acontecendo. Três pessoas estavam pulando
sobre os telhados dos edifícios para alcançar o topo do muro do vulcão. A luz
do luar revelou três mulheres vestidas com um uniforme de camuflagem. Uma das
mulheres tirou um binóculo de uma bolsa de apetrechos para observar o castelo
de Fletz.
- Então, Dana? Qual a situação? – perguntou Tana.
- O castelo está protegido pela guarda noturna. Agora é a
hora. – disse Dana sem tirar os binóculos.
- Ouviu isso, Shirley?
- Alto e claro.
Shirley tirou um comunicador do seu uniforme e o ligou.
- Aqui é Shirley falando. A missão de espionagem foi
cumprida. Câmbio.
- Entendido, Shirley. – disse uma voz do outro lado do
comunicador. – Qual a situação para o próximo passo? Câmbio.
- O castelo de Fletz já está com seus guardas noturnos a
postos. Porém são poucos os que avistamos. Avise ao chefe. Câmbio. – disse
Shirley.
- Entendido. Câmbio final. – assim o aparelho desligou.
Do outro lado da linha do comunicador estava um soldado
Tia’brano, mais especificamente da Armada de Netuno. Estava dentro de um
airship de batalha Tia’brano, o Ghis. O soldado saiu de seu posto para entregar
uma mensagem para o comandante que estava na ponte do airship. O comandante
estava de costas para os operadores do airship, com as mãos cruzadas e olhando
para o Vulcão Millude, que estava um pouco longe na distância.
- Senhor, acabamos de receber a mensagem de Shirley, vinda
de Fletz.
- Ótimo. Faça o relatório da mensagem.
- A missão de espionagem foi concluída. O resultado foi
como esperado. É a hora ideal para começarmos a operação.
- Perfeito.
Nisso, o comandante da missão se virou e seguiu em
direção a uma das máquinas que tinha um microfone. O comandante o ligou e
começou a falar por ele.
- Atenção, tripulação do Ghis. Aqui é o seu comandante
Gilgamesh falando. Permissão concedida para começarmos a Operação Fletz! –
disse Gilgamesh.
Gilgamesh retornou a posição onde estava e gritou para os
operadores da ponte do Ghis.
- Ouviram, seus vermes? Sigam para Fletz a toda
velocidade! A Operação Fletz vai começar! Preparem as armas!
- Sim, senhor! – disseram os soldados.
O airship Ghis ganhou velocidade e se aproximava de Fletz
cada vez mais. Gilgamesh apontou para o vulcão e gritou uma ordem para os
soldados.
- Preparem os mísseis!
- Mísseis prontos, senhor! – gritou um soldado.
- Mirem na cidade e no castelo. Atirem! – ordenou
Gilgamesh.
Os mísseis do Ghis saíram em alta velocidade e atingiram
a parte superior do vulcão. Alguns mísseis bateram no muro. Outros acertaram a
cidade em cheio. O impacto dos mísseis fez canos de lava estourar e acordar os
cidadãos de Fletz em pânico.
- Aproximem mais do vulcão! Liberem a rampa de
desembarque! – ordenou Gilgamesh.
O Ghis se aproximou da muralha do vulcão com a rampa de
desembarque aberta. Soldados Tia’branos começaram a descer por ela para invadir
a cidade.
O airship Ghis. Uma versão aprimorada do aiship Leviathan | . |
- Abduzam a princesa! Tragam-na para mim! E abatam qualquer
um que tente impedir vocês! – ordenou Gilgamesh pelo rádio enquanto descia da
rampa de desembarque.
O comandante da Armada de Netuno sacou sua katana e
olhava para a cidade sendo atacada. Com uma gargalhada maléfica declarou.
- Me aguarde, princesa. O resgate está chegando. – gargalhou
Gilgamesh enquanto descia o muro da cidade.
A Operação Fletz estava acontecendo de acordo com os
planos de Gilgamesh. Os soldados de Tia’bra invadiram a cidade não só abatendo
os soldados de Fletz. Aproveitavam a oportunidade para invadir as casas e
saquear a população. A cidade estava um caos.
Llynx acordou com o barulho da operação. Ele acordou
Melodia para avisar o que estava acontecendo na cidade.
- Pelos deuses! Você tinha razão, Llynx! – disse Melodia.
– O que vamos fazer?
Nisso, Llynx invocou as Shadow Blades e abriu a porta.
- Você ainda pergunta? Prepare-se! – orientou Llynx.
Melodia rapidamente colocou sua capa e seu chapéu
vermelhos, equipou sua Stinger e partiu para lutar contra os soldados
Tia’branos.
Os soldados Tia'branos invadem Fletz. |
Não muito longe dali, Maya já estava lutando e derrotando
alguns soldados. Depois de derrotar mais de uma dúzia de soldados, uma bala
atingiu de raspão seu braço esquerdo. Quando ela se virou para ver quem atirou,
ela teve uma surpresa. Era Shirley, que estava segurando uma pistola. Ao lado
dela, estavam Dana e Tana também armadas.
- É hora de pagar pelo que fez, sua vaca. – disse Shirley
para Maya.
O Trio Fatale partiu para cima de Maya atirando, mas Llynx
e Melodia chegaram a tempo para salvar a parceira. Llynx pegou Maya e saltou
alto com ela para desviar dos tiros enquanto Melodia usava seu Limit Break de
Multicast. Melodia lançava várias Black Magicks contra os soldados Tia’branos e
contra o Trio Fatale. Llynx já estava caindo quando Maya pediu um favor.
- Deixa essa maldita da Shirley pra mim, Llynx. Pode me
soltar!
Assim foi feito. Llynx soltou Maya de forma que ela
caísse sobre Shirley. Durante a queda, Maya assobiou para chamar a atenção da
líder do Trio Fatale.
- Ei, vadia! – gritou Maya para Shirley. – Engole essa!
Shirley nem teve tempo de olhar para cima direito e foi
atingida com tudo no rosto por um soco dado por Maya. O soco foi forte o
suficiente pra quebrar o nariz da caçadora de recompensas. Maya caiu sobre Shirley
que ficou desacordada no chão com a força do impacto.
Dana e Tana se distraíram com a queda de Maya sobre
Shirley que nem notaram dois Thunder seguidos de dois Blizzards lançados por
Melodia. As duas ficaram paralisadas com o choque. Melodia e Llynx ajudaram
Maya a se levantar.
- Você está bem? – perguntou Llynx para Maya.
- Estou ótima! Foi o soco mais bem dado que eu já dei na
minha vida. O próximo vai ser na cara daquele desgraçado do Gilgamesh. – disse
Maya enquanto acariciava sua mão que socou Shirley.
- Você vai ter tempo pra isso depois. Vamos para o
castelo ver se Anitta e Marco estão bem. - disse Melodia.
Enquanto os três corriam na direção do castelo, o que
Llynx temia já estava acontecendo. Vários soldados Tia’branos já haviam
capturado a princesa para leva-la para Gilgamesh. Marco correu para o quarto de
Anitta, mas ela já não estava mais lá. Ele correu por todo o castelo procurando
a princesa até que encontrou duas pessoas em quem poderia confiar.
- Biggs! Wedge! – gritou Marco para os agregados da
Armada de Urano.
Biggs e Wedge se viraram na mesma hora para falar com
Marco.
- Capitão! Que bom que encontramos o senhor! – disse
Wedge.
Marco correu na direção dos dois e parou para obter
informações.
- O que está acontecendo? Onde está a princesa? –
perguntou Marco.
- Senhor, o Capitão Gilgamesh enlouqueceu! – disse Biggs
com desespero. – Vossa Majestade, o Imperador ordenou para que ele trouxesse a
princesa de volta a Tia’bra custe o que custasse!
- Como assim? – Marco ficou confuso. – Esse ataque é
ordem do Imperador?
- Parece que sim, senhor.
Marco não estava conseguindo acreditar no que Biggs
disse. Como o Imperador pode fazer isso no reino do próprio irmão? Ainda mais o
Imperador Cid que ele confiava tanto. Era impossível acreditar naquilo.
- Onde está a princesa? – perguntou Marco.
- Vimos alguns soldados da Armada de Netuno leva-la para
baixo. – disse Wedge.
- Vamos atrás dela! Não podemos deixar Gilgamesh pegar
Anitta! – ordenou Marco.
Marco, Wedge e Biggs desceram para o salão de entrada
para encontrar a princesa. Lá, a luta estava acirrada. Os soldados Tia’branos
lutavam contra os soldados de Fletz enquanto Gilgamesh segurava Anitta. Os três
chegaram e avistaram Anitta com Gilgamesh.
- Anitta! – gritou Marco.
Gilgamesh percebeu a presença do irmão no salão e correu
para a sala do trono carregando Anitta. A princesa gritava por socorro a todo
momento. Marco, Biggs e Wedge atravessaram o salão de entrada, passando pelos
guerreiros que lutava. Na sala do trono, estava o rei Daminraff com alguns
soldados esperando por Gilgamesh. O líder da Armada de Netuno até tentou
recuar, mas estava encurralado por seu irmão e seus companheiros.
- Desista, Gilgamesh. – disse Marco.
- Entregue a princesa agora! – ordenou Daminraff.
- Sinto muito, mas acho que não vai dar. – disse Gilgamesh
com uma risada. – Enkidu! Venha me ajudar!
Um cachorro enorme pulou sobre Marco e ficou ao lado de
Gilgamesh. Junto com Enkidu, chegaram alguns soldados da Armada de Netuno que
partiram para cima de Biggs, Wedge e os soldados de Daminraff. Marco, armado
com a Defender, avançou para cima de Gilgamesh, mas Enkidu pulou sobre o
paladino e começou a lutar contra ele.
- Enkidu! Pare com isso! Não lembra de mim? – ordenou
Marco.
Gilgamesh gargalhou mais uma vez.
- Ele não te obedece mais, irmãozinho. Treinei ele apenas
para me obedecer agora. – disse Gilgamesh. – Mate-o, Enkidu.
- Não! Pare, Enkidu!
Enkidu já ia morder a jugular de Marco quando foi
atingido por um raio de sombras. Enkidu caiu perto de Gilgamesh, mas se
levantou rapidamente. Marco se levantou para ver quem tinha o ajudado. Era
Llynx que estava acompanhado de Maya e Melodia.
- Llynx! Maya! Melodia! Vocês vieram. – disse Marco.
- É claro. Não acha que a diversão da batalha ia ficar só
pra você, não é? – disse Melodia.
- Claro que não. – respondeu Marco enquanto se levantava.
- Agora é a sua vez, Gilgamesh, seu maldito! – gritou
Maya com sua Khukri armada.
- Maldição... – suspirou Gilgamesh.
Nisso, Gilgamesh tirou do bolso uma bomba de fumaça e a
explodiu no chão. A visibilidade na sala do trono ficou nula por alguns
instantes. Quando a fumaça cessou, Gilgamesh, Anitta e Enkidu já não estavam
mais lá.
- Droga! Onde ele pode ter ido? – perguntou Marco.
- Ele só pode ter ido para o cais de airships do castelo.
– disse Daminraff. – Ele não pode voltar para a cidade por causa do tumulto e
da lava que está escorrendo dos canos. Como eles vieram por airship, a única
rota de fuga dele será pelo cais.
- Então vamos! – gritou Marco.
Daminraff orientou Marco como chegar ao cais a tempo de
salvar Anitta. Seguido por Llynx, Maya e Melodia, Marco correu pelos corredores
do castelo até alcançar o cais. Lá, Gilgamesh acompanhado de Enkidu discutia
com Shirley. Ela pedia ajuda a seu chefe para lhe dar mais uma chance.
- Sua inútil! Você não nem conseguiu detê-los para mim!
Fraca! – gritou Gilgamesh para Shirley.
Nisso, Gilgamesh acertou Shirley com um soco, machucando
seu rosto ainda mais. O nariz dela sangrava muito e o olho ficou roxo. Shirley
ficou caída no chão dolorida. O líder da Armada de Netuno usou seu comunicador
por alguns intantes.
- Estou no cais! Ande logo com essa merda! – gritou
Gilgamesh para um dos soldados via rádio.
- Gilgamesh, pare! – gritou Marco.
- Marco! Me ajude! – gritou Anitta em desespero.
- Não me atrapalhe, Marco! Fique fora de meus planos! –
disse Gilgamesh sacando sua katana.
- Solte Anitta agora!
Marco atacou Gilgamesh com a Defender várias vezes. Os
companheiros de Marco também tentaram atacar. Porém Enkidu entrou na frente dos
ataques e começou a lutar contra os três. Gilgamesh conseguiu se proteger da
maioria dos golpes que levava do irmão. Um deles foi forte o suficiente para
causar um choque entre os dois. Marco forçava a Defender contra Gilgamesh.
- Desista! – gritou Marco.
- Nunca!
Gilgamesh soltou Anitta por um instante e acertou Marco
com um soco. Ele rapidamente recuperou a princesa e correu em direção ao fim do
cais. Com Anitta debaixo de um dos braços, Gilgamesh pulou do alto do cais do
castelo de Fletz.
- Não!! Anitta! – gritou Marco em desespero.
Marco correu para onde Gilgamesh tinha saltado e teve uma
surpresa. Dois airships menores carregavam um robô aracnídeo gigantesco. Os
airships soltaram o robô sobre a pista e de dentro dele, veio a risada insana
de Gilgamesh transmitida por um alto-falante.
- O que achou do meu brinquedinho, Marco? Este é o
X-ATM099, mas eu o chamo de Aranha Assassina. Então, quer brincar?
O robô levantou suas garras dianteiras para agarrar
Marco. O paladino conseguiu desviar e começou a golpear as pernas da aranha
mecânica. Llynx percebeu que Marco estava lutando sozinho contra aquela máquina
mortífera e avisou para Melodia e Maya.
- Marco precisa de ajuda. Uma de vocês vá lá ajuda-lo.
Maya deixou que Llynx e Melodia tomassem conta de Enkidu
enquanto ela foi ajudar Marco. Os dois tentavam acertar a cabine de Gilgamesh,
mas sempre erravam ou levavam um ataque de uma das pernas do robô. Em um
momento da batalha, o robô quase esmagou Shirley que ainda estava caída no
chão. No último instante, Maya salvou a inimiga e a encostou num lugar longe do
robô.
A Aranha Assassina. |
- Você... – suspirou Shirley. – Me ajudou...
- Não me pergunte por quê! Tô ocupada agora! – Maya
deixou Shirley e voltou a lutar contra o robô aranha de Gilgamesh.
Ela subiu por uma das patas da aranha, saltou sobre o
robô para ataca-lo, mas uma das garras dianteiras a prendeu. Marco tentou
salvar Maya. Num pequeno descuido, o paladino tropeçou e caiu. A outra garra da
aranha pegou Marco.
- E agora, preparem-se pra morrer! – gritou Gilgamesh.
As garras começaram a apertar os dois com força e a
transmitir choques. Marco e Maya gritavam de dor. Anitta estava em pânico
dentro da cabine. Não podia ajudar. De repente, tiros de um lança-granadas
acertaram as garras, destruindo-as.
- Olha aqui, seu otário! – gritou Shirley com o
lança-granadas na mão. – Nunca me chame de fraca!
Shirley lançou mais granadas no robô, danificando-o
seriamente.
- Aí, paladino! – gritou Shirley para Marco. – É a sua
vez! Acaba com esse desgraçado!
- Com prazer. – disse Marco.
Marco começou a brilhar. Estava pronto para lançar mais
um Limit Break.
- Experimenta essa! LIMIT BREAK! Iai Strike!
A Defender de Marco começou a brilhar num tom azul
intenso. Ele apontou a espada para o robô. Da ponta da espada, saiu um feixe de
luz que atravessou o robô. A máquina ficou ainda mais danificada e começou a
explodir. Antes que ela explodisse por completo, a cabine de Gilgamesh
desacoplou do corpo do robô aracnídeo.
Com a explosão, a cabine foi lançada alto no ar. Como
estava muito danificada, a cabine não aguentou o impacto da velocidade com que
foi lançada e se rompeu. Anitta e Gilgamesh começaram a cair.
- Anitta!!! – gritou Marco.
Anitta começou a cair do alto do vulcão juntamente com
Gilgamesh. Marco ficou em choque. Ele não conseguia acreditar que falhou na sua
missão. Ele se ajoelhou e colocou as mãos no rosto.
- Não... não pode ser. – pensava ele consigo mesmo. –
Anitta... como? Como eu pude permitir...
Maya colocou suas mãos sobre os ombros de Marco, tentando
consola-lo. Antes que pudesse começar a cair em prantos por ter perdido Anitta.
Algo surpreendente aconteceu.
O Ghis começou a subir pelo local onde Gilgamesh e Anitta
caíram. Na rampa de desembarque estava Gilgamesh com muitos ferimentos e Anitta
também machucada, porém desacordada. Antes que pudesse voar alto, Maya largou
Marco e correu em direção ao airship.
- Não! Não vou deixar você levar ela! – gritou Maya.
Marco ouviu as palavras que Maya disse e tirou as mãos do
rosto. Ela correu em direção ao Ghis e saltou tentando alcançar a rampa.
Infelizmente ela só conseguiu segurar-se em uma das asas do airship. Ela usou
sua Khukri pra perfurar a lataria do airship para que ela pudesse se segurar.
Gilgamesh não percebeu que Maya conseguiu se segurar na asa do airship. Ele
pegou um alto-falante para provocar Marco.
- Você quase conseguiu, irmãozinho. Mas não foi dessa vez
ainda! Prepare-se! Uma nova ordem mundial vai começar em breve! – anunciou
Gilgamesh com uma gargalhada maléfica enquanto o Ghis pegava altitude.
- Não! Anitta!!! ANITTA!!! – gritou Marco.
O Ghis pegou altitude e partiu. Sumiu rapidamente no
horizonte seguido de vários pequenos airships com os soldados Tia’branos
sobreviventes da Operação. Marco gritava o nome de Anitta com força enquanto
era segurado por Llynx e Melodia. Mas já era tarde demais. A Operação Fletz foi
um sucesso. Gilgamesh conseguiu escapar com Anitta.
E agora? O que poderá acontecer? Será que Marco
conseguirá salvar Anitta antes que Gilgamesh cumpra seu propósito? Por que
Gilgamesh perseguiu Anitta? O que ele quer com ela? E Maya? Conseguirá ela
sobreviver à viagem na asa do Ghis? E a afirmativa que Biggs e Wedge fizeram
sobre a Operação Fletz ter sido comandada pelo Imperador Cid? Será verdadeira?
Que rumo tomarão os nossos heróis agora que Anitta foi raptada?
Essas perguntas serão respondidas no capítulo 8 da fanfic
Final Fantasy XV! Não percam o próximo capítulo: Capítulo 8: Conspiração.
me lembrou FF 4
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