sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Capítulo 4: O Jardim Da Morte



Estava frio e já era noite. O ar estava pesado, com muito nevoeiro. Anitta estava caída no chão. Acabou de acordar depois de ter caído do trem do Festival da Caçada. Estava muito tonta e sua cabeça doía. Passou a mão esquerda na cara para tentar melhorar e viu que fraturou o braço direito, provavelmente com a queda. Ela estava sozinha e sentada naquele lugar onde a visibilidade era quase nula. Disse algumas palavras mágicas e invocou a White Magick Cure. Saíram pequenas ondas verdes de sua mão esquerda que envolveram o lugar onde doía e curaram o braço de Anitta.
Ela olhou para os lados, tentando enxergar alguma coisa, mas era impossível. O nevoeiro era muito denso. Só se via nuvens cinza em todos os lugares. De repente ela ouviu o barulho de passos.
- Marco? – perguntou ela. Nenhuma resposta. Estava tudo em silêncio. – Llynx? – nada.
Os passos continuaram e coincidentemente ela sentiu o chão tremer. Anitta levantou com medo daquilo. Sacou seu White Staff e ficou parada.
- Quem está aí? – nada a respondia. Anitta tremia de medo. Não sabia o que estava atrás daquele nevoeiro. – Responda!
Os passos ficaram mais fortes e cada vez mais próximos de Anitta. Anitta sentia o chão tremer cada vez mais. Ela estava amedrontada com aquilo. De repente os passos pararam e um vulto apareceu. O que quer que fosse aquilo, acabou parando na frente dela. Anitta não ousava respirar. Ela suava frio. Estava com medo de saber o que estava ali na sua frente. Ela não pensava em nada além de onde diabos Marco poderia estar naquele momento.
Os passos se aproximaram e o vulto ficou perto o suficiente pra Anitta ver o que era. Ela olhou pra cima e se deparou com um dinossauro zumbi enorme. O dinossauro rugiu com força. Anitta deu um grito de medo e correu para o nada, sendo perseguida pelo monstro. Ela corria em pânico. Só pensava em se salvar daquela fera. Nunca encontrara uma criatura tão horrenda daquele jeito.

Um dinossauro zumbi.
Na surpresa da corrida, Anitta não viu um barranco que estava na sua frente, graças ao nevoeiro. Ela escorregou no barranco e caiu. Arrastou-se um pouco para se afastar do dinossauro, mas ele pulou o barranco atrás de Anitta. Ele rugiu forte e partiu para abocanhá-la.
- MARCOOOOO!! AAAAAH! – gritou ela.
Nisso, Llynx apareceu em sua frente e criou uma barreira de sombras que a protegeu do monstro enquanto um Limit Break de Corte Cruzado (Cross Slash) o acertou, derrubando-o. Anitta foi levantada por alguém.
- Você está bem? – era Maya, a ladra que Gilgamesh queria matar no trem. Anitta respondeu que sim balançando a cabeça. Estava sem saber o que fazer.
O monstro se recuperou do Limit Break e fugiu correndo. Anitta se abraçou a Maya, procurando abrigo. Estava amedrontada. Nisso uma voz conhecida ecoou no meio daquele nevoeiro espesso chamando por ela.
- Alteza! Onde você está?
Era Marco quem a chamava. Ao vê-lo, Anitta se soltou do abraço de Maya e correu na direção do seu fiel guarda-costas, abraçando-o aos prantos. Marco estranhou um pouco o que Anitta fez, pois não era comum ver uma princesa abraçar um guerreiro. Ele ficou um pouco com os braços levantados, sem saber o que fazer.
- Marco... – disse ela soluçando. – Foi terrível. Pensei que não sobreviveria. Que bom que você está aqui.
Marco estava sem graça com a reação da princesa, mas acabou a abraçando para confortá-la.
- Tá tudo bem agora. – disse ele enquanto esperava ela se acalmar. – Fique tranquila, minha princesa.
Marco manteve Anitta em seu abraço até que ela se recuperasse do susto. Não demorou pra ela se soltar e olhar Marco com um sorriso. O rosto dela estava cheia de lágrimas. Marco passou as costas das mãos no rosto dela para limpar as lágrimas e sorriu para confortá-la.
- Não se preocupe, Alteza. O perigo já passou.
Llynx e Maya observavam a cena sem soltar um pio. Maya sorriu ao ver os dois juntos e passou a pensar consigo mesma se aquele casal teria futuro. Talvez não, pois era uma princesa e um cavaleiro, não era certo. Ou talvez desse, pois quando se ama não há barreiras que separem os dois amantes. Ou quem sabe aqueles dois fossem apenas amigos? Mas ela nem sabia se poderia seguir viagem com os três para ver o futuro dos dois. Maya preferiu esperar e ver o que iria acontecer.
Alguns minutos depois, os quatro se reuniram para planejar novamente o objetivo de chegar a Fontaine.
- Então o que faremos? – perguntou Anitta.
- Seria melhor saber onde nós estamos. – sugeriu Marco. – Não faço a menor ideia o que é esse lugar esquisito.
- A julgar por essa criatura que acabamos de encontrar, receio que as notícias não são boas. – disse Llynx. – Estamos nas terras de Royale.
Royale. Um nome de respeito em toda a história de Gaia. Era sede do reino principal. Lá estava o Gran-Castelo de Royale, local onde todas as estratégias dos Humes e da Aliança de Gaia eram boladas para se livrarem da tirania dos Neo-Humes e dos anti-deuses Espers. Aquelas terras foram importantes durante a Campanha dos Espers. Foi o palco da batalha final entre as forças do Rei Vahjra Cissei Royale com os treze Eidolons sagrados contra o tirano Rei Lucemia Dols’ar e seus treze Espers malignos.
As vinte e seis divindades pairavam sobre o céu de Royale naquele dia. Fora uma batalha terrível. Gerou muitas mortes e muita dor. Todos que morreram naquela batalha foram lembrados para sempre, pois ficaram conhecidos como heróis. Lucemia, os Espers e seu exército foram derrotados pelos Humes, a Aliança de Gaia e os Eidolons. A destruição se Zodiark, o mestre dos Espers gerara muita Névoa (Mist) pelas terras de Royale. A Mist agiu como uma bomba nuclear. Consumiu a fauna e a flora daquelas terras, tornando-as inabitáveis. A derrota de Lucemia levou à queda de Royale, um preço pouco alto a pagar por tantas vidas mortas e escravizadas naqueles tempos.
Hoje em dia, Royale era um pedaço de terra amaldiçoada pelas altas concentrações de Mist. A glória do Gran-Castelo de Royale estava em ruínas. Depois disso, as únicas coisas que habitavam aquelas terras eram fantasmas do passado e criaturas horrendas e distorcidas pela Mist.
- Royale. – disse Marco. – Nunca pensei que teria que passar por aqui.
- Temos que achar algum ponto de referência. Podemos ir para Fontaine daqui, dependendo da distância. – ponderou Llynx.
- Acho que posso ajudar. – Maya se pronunciou pela primeira vez pelo bem do grupo desde que fora salva por Llynx. – Se acharmos as torres que sustentam os trilhos que estávamos percorrendo, posso ver a nossa localização pelos computadores internos instalados nelas.
- Existem computadores dentro daquelas torres? – perguntou Marco.
- Sim. É uma precaução caso alguém se perca nessas terras. Aprendi isso com o pessoal dos Clan Hunters.
- Você faz parte do clã?
- Não. Era meu pai quem fazia parte.
- E por que Gilgamesh matou seus pais?
Maya não pode evitar e derramou algumas lágrimas antes de continuar a conversar com Marco.
- Ele estava numa missão que envolvia alguns dos soldados do Império, mais especificamente da Armada de Netuno, e acho que ele sabia demais sobe algum esquema deles.
- Os soldados do Império? Armada de Netuno? Que missão era essa?
- Não sei. Não tive tempo de conversar com ele sobre isso. Quando cheguei em casa encontrei ele e minha mãe mortos. Sobre eles estava um bilhete com o nome do assassino, dizendo que iriam atrás de mim, para me silenciar.
- Então foi por isso que Gilgamesh quis matá-la. – pensou Marco consigo mesmo. – Mas que missão era essa que os Imperiais estavam envolvidos? O que a Armada de Netuno tinha a ver com aquilo?
Não era hora de pensar naquilo. Tinha que sair daquele lugar e seguir a missão de Llynx. Depois que estivesse em Fontaine resolveria aquilo. Marco resolver deixar aquilo de lado e focou em ajudar o grupo a sair daquelas terras. Se lembrou de que ao atingir o chão, estava ao lado de uma das torres de sustentação. Não era difícil encontrar as torres. Tinham luzes vermelhas piscando e sinalizando onde elas estão, para evitar colisões de airships, chocobos roxos, etc. Ao encontrar uma das torres, Maya tateou a base da torre procurando por uma tampa. Quando a encontrou, usou sua adaga Khukri para retirá-la e entrou pela passagem que a tampa cobria. Encontrou um pequeno painel de controle e afixou um cabo nele que estava conectado a um pequeno GPS. O aparelho fez contato com a rede e tornou-se possível ver onde estavam.
- Não estamos longe de Fontaine. – disse ela ao sair de dentro do compartimento. – Podemos chegar lá em algumas horas de caminhada para o oeste.
- Ótimo. Não podemos perder tempo. – Llynx respondeu.
Llynx foi à frente, com Anitta e Marco um pouco atrás. Maya ficou ao lado da torre e chamou Marco.
- Eu, - Maya gaguejou um pouco para falar. – gostaria de saber se posso seguir viagem com vocês até Fontaine. Não conheço este lugar.
Marco parou para pensar um pouco.
- Bom, não deveria permitir que fosse conosco. Você quis me matar, lembra-se?
- Eu sei, - Maya ficou sem graça com o que Marco dissera. – mas eu não queria matar você. Era o seu irmão. Ele matou a minha família e queria me matar. Era eu ou ele. Além do mais eu confundi vocês dois. Me perdoe, por favor.
Marco tinha um bom coração. Não gostava das atitudes de Gilgamesh e passou a desprezar ainda mais depois que descobriu o que ele fizera de ruim a Maya.
- Pois bem, Maya. Não vejo problemas em você nos acompanhar. E aceito seu pedido de desculpas.
- Obrigada! O senhor não vai se arrepender de ter me poupado!
Maya estava agradecida com a decisão do capitão da Armada de Urano. Estava honrada de viajar com a princesa e seu guarda-costas.
Ao caminhar um pouco, chegaram a um lugar onde o nevoeiro era mais fraco e a Mist mais espessa. Chegar a um lugar com altas concentrações de Mist era sinônimo de encrenca, pois Mist é uma energia mística que tornava o uso de magias mais eficiente. Por causa disso era conhecida como “essência dos deuses”. Altas concentrações de Mist conseguiam alterar algumas coisas no ambiente no qual ela se encontrava. Podia dar vida a coisas inanimadas como árvores, pedras e coisas mortas. Lugares como as terras de Royale, que tem alta concentração de Mist guardam as mais terríveis criaturas e quanto maior a quantidade de Mist, mais perigosas elas eram.
Já era possível ver onde estavam. Era um lugar muito esquisito. Parecia ser uma mistura de vale com pântano. A flora daquele lugar era bizarra. Existiam plantas e flores ainda não conhecidas pelo homem e pareciam ter vida própria. Tinham formas esquisitas e eram medonhas. Todas cheiravam mal devido ao excesso de veneno que tinham. A fauna era pior. As criaturas que estavam ali era carniceiras e sem instinto. Só viviam para uma coisa: matar para se alimentar.
- Estão vendo este lugar? – disse Llynx. – Aqui é conhecido como Jardim da Morte.
Então aquele lugar sinistro era o tal Jardim da Morte que se ouviam histórias assustadoras. Anitta estava com medo de tudo aquilo. Nunca pensou que iria a um lugar como aquele, ainda mais durante a noite. Marco estava impressionado com o que via. Teria que agir muito bem como um guarda-costas, pois não sabia o que enfrentariam ali.
Llynx pediu que Maya o acompanhasse pela frente. O GPS dela fora muito útil. Agora seria ainda mais para descobrir se haveria alguma coisa que os impedisse de chegar a Fontaine com vida.
- Vamos ficar próximos. – sugeriu Maya. – O nevoeiro ainda está forte e está surgindo cada vez mais Mist.
- Estamos em um campo de mortos. – analisou Llynx. – Os seus poderes serão essenciais aqui, Anitta. Caso tenhamos que travar uma batalha, o que nos salvará serão minhas magias de fogo e as suas de cura.
Anitta balançou a cabeça, concordando com Llynx. Estavam em um lugar onde a magia era forte graças à Mist. Nada mais conveniente do que combater magia com magia. Começaram a avançar pelo jardim, temendo o que iriam encontrar. Chegaram a uma parte onde havia uma lama verde, um tipo de brejo tóxico. Caveiras e ossos estavam atoladas nela e estavam sendo corroídas pelas toxinas criadas naquele ambiente terrível. Havia corpos ainda em decomposição naquele lugar também. Eram corpos de caçadores, membros dos Clan Hunters que haviam desaparecido durante missões. Tentaram não perder tempo naquele lugar.
Esqueletos
Quando estavam quase atravessando o brejo, alguma coisa puxou a perna de Maya. Era uma coisa gelada e firme. Estava cheia de lama tóxica. Estava começando a corroer a carne da moça. Maya deu um grito de susto e dor. Ao se virar, viu que uma caveira a puxava para dentro daquele lamaçal. Rapidamente ela revidou e puxou a caveira para fora do lamaçal ao empurrar a perna. O solavanco foi forte o suficiente para desprender o braço do tórax daquele esqueleto que caiu nas pedras cheias de lodo. Maya rapidamente tirou o braço de sua perna. Por sorte, não estava muito machucada.
Os quatro se distraíram com o que aconteceu a Maya e não perceberam o que os aguardava. Surgiram vários zumbis e caveiras cobertas de lama tóxica do brejo que acabaram de cruzar. Não pareciam estar com fome. Queriam levar os quatro com eles.
- Vou fazer esses demônios sentir o gosto da minha lâmina. – disse Marco ao tomar frente no ataque.
Um zumbi.
A pesada espada do paladino conseguia destruir os esqueletos com muita facilidade. Os ossos se despedaçavam como se a espada estivesse golpeando vidro. O problema eram os zumbis. Eles pareciam ter mais inteligência e resistência que os esqueletos. Conseguiam desviar dos ataques de Marco com facilidade. Demorou um pouco para que Marco pudesse atravessar a grossa lâmina de sua Greatsword no peito de um dos zumbis. Marco puxou de uma vez e o zumbi cambaleou, mas voltou para a batalha rapidamente.
- Eu demorei a acertar uma dessas coisas e quando eu acerto não dá um dano decente? Que droga! – Marco recuou e se deu conta de que os zumbis não paravam de surgir.
Maya tomou o lugar de Marco na frente do ataque e tentou esfaquear os zumbis, mas não obteve sucesso. Ao tentar golpear um deles, acabou sendo mordida por um esqueleto. Estava em desvantagem.
Marco ficou à frente de Anitta de forma que a pudesse proteger dos mortos-vivos que ali chegavam, mas era muitos para ele só se defender. Maya e Llynx estavam ocupados com outros inimigos e não podiam ajudar. Foi aí que Anitta se lembrou do que Llynx lhe dissera: “Suas magias de cura poderá nos salvar das batalhas.”
- Afaste-se, Marco. – pediu Anitta.
- Alteza, recue! Não é seguro.
Anitta não deu ouvidos para Marco e levantou seu White Staff para o céu da noite coberto por um nevoeiro que não permitia ver o céu estrelado e a lua. Anitta decidiu conjurar uma magia um pouco mais forte para derrotar seus inimigos.
- Aqui vai uma forte! – anunciou. – Dia!
A ponta de seu cajado começou a brilhar como um raio divino de sol. A luz do raio cegou a todos e causou danos aos mortos-vivos. A Mist que estava naquele lugar deixou os raios ainda mais fortes. Os esqueletos afetados se decompuseram e os zumbis começaram a ter a pouca carne que lhes restava dilacerada. Todas as impurezas foram retiradas dos zumbis. Isso os tornou a voltar a serem restos mortais inanimados.
Depois que o efeito da magia Dia cessou, Anitta usou Cure em seus companheiros. Assim Maya, Marco e Llynx puderam se curar dos ferimentos que ganharam desde a queda do trem do Festival da Caçada. A princesa ficou um pouco zonza depois de conjurar as magias.
- Alteza, tudo bem? Como está se sentindo? – perguntou Marco enquanto ele a ajudava a ficar de pé.
Antes que pudesse responder, Llynx interveio.
Um frasco de Ether.
- Ela vai ficar. O esforço que Anitta fez foi maior devido ao número grande de alvos. – Llynx mexeu em seus bolsos e retirou um frasco azul com uma tampa engraçada. Parecia um símbolo que a travava. – Beba isso. É Ether. Vai fazer seu poder mágico voltar.
Marco não interferiu. Viu que o frasco realmente continha Ether. Aquilo não faria mal a Anitta. Ele mesmo precisa tomar alguns de vez em quando, pois seus Limit Breaks consomem magia e precisava de Ethers para se recuperar. Anitta abriu o frasco e bebeu o Ether que estava lá. Uma aura azul brilhou ao redor dela e a princesa pode sentir seu poder mágico recuperado.
- Acho que aguentarei conjurar uma ou duas magias agora. – brincou ao se recuperar do esforço. – Obrigada, Llynx.
Como sempre, Llynx não respondeu ao agradecimento de Anitta. Isso deixava Marco furioso. Não podia acreditar na frieza que sua princesa era tratada por aquele cara em quem não confiava. Llynx se virou para a nova integrante do grupo.
- Maya, pra onde temos que ir agora que saímos um pouco do rumo?
Maya retirou seu GPS e olhou a direção certa pra onde deveria ir.
- Precisamos continuar a seguir a oeste. O sinal está fraco. Acho que a Mist está atrapalhando a conexão.
- Já basta o que você disse. Vamos continuar.
Maya ficou frustrada com a resposta curta e grossa do mago. Os três começaram a seguir Llynx que foi na frente.
- Como ele consegue ser frio e grosso desse jeito o tempo todo? – perguntou Maya em um volume audível por Marco e Anitta.
- Acho que ele está é preocupado. – ponderou Anitta. – Essa pessoa que ele pediu para que eu curasse deve ser alguém muito querido por ele.
- Tem que ser alguém muito querido mesmo. Tanto que ele teve que te raptar pra fazê-lo.
- É bom que ele não tente nada. Ainda não confio nele. – atravessou Marco.
- Você se preocupa demais, Marco. Quando ele me levou daquela arena de Blitzball eu pensava que ele era mau. Mas acho que ele não é assim. Ele só está agindo dessa maneira porque está nervoso e ansioso.
- É mesmo, - concordou Maya. – parece que tem alguma coisa prendendo ele e as emoções dele. Ninguém pode ser tão frio assim.
Talvez Maya e Anitta estivessem certas. Talvez Llynx fosse uma boa pessoa. Mas Marco não deu seu voto de confiança ainda. Raptar a princesa era um crime, um ultraje. Teria que passar mais tempo com ele para que pudesse confiar mais.
O Jardim da Morte parecia não ter fim. A caminhada a céu aberto estava demorando muito. Fontaine parecia não chegar nunca. Andaram por lugares sombrios, cheios de zumbis, mortos-vivos e plantas carnívoras. Derrotaram muitos inimigos e estavam cansados de tanto andar e lutar. Finalmente chegaram a uma caverna escura e horrenda.
- Temos que passar por aqui? – Anitta se assustou ao ver aquela caverna medonha.
Llynx olhou para Maya, esperando que ela tivesse a resposta para a pergunta. Maya olhou para seu GPS mais uma vez.
- Estamos perto. Como o sinal tá engraçado pra frente daqui, acho que vai ser só cruzar essa caverna e sairemos em Fontaine.
- Ótimo. – Llynx se virou e entrou caverna adentro. Maya o seguiu e depois foi Marco. Anitta ficou de fora um pouco, paralisada de medo.
- Princesa, o que foi? – perguntou Marco.
Anitta não conseguiu responder de tanto medo que estava naquela hora. Marco voltou para busca-la.
- Não se preocupe. Sempre estarei ao seu lado. Não deixarei que nada de ruim lhe aconteça. Prometo.
Anitta olhou para Marco e sentiu sua coragem crescer. Ela respirou fundo e entrou na caverna acompanhada de Marco. Lá dentro ela viu que Maya e Llynx a esperavam. Maya tirou dois tubos de neon da sua bota e os dobrou. Os neon se quebraram e a luz iluminou a caverna com a luz verde do tubo.
- É bom ser bem prevenida. – disse Maya. – Tome um, princesa. Acho que vai precisar. – Maya entregou um dos tubos para Anitta. - Agora podemos progredir.
Marco sabia que Anitta tinha fobia de lugares escuros. A luz de neon que Maya gerou aliviou um pouco os dois. Anitta andou próxima de Marco e permaneceu calada durante a caminhada caverna adentro. Apesar de estar “protegida” pela luz do tubo, ainda estava no escuro.
O grupo avançou pela caverna e chegaram a um parte da caverna que possuía um teto alto. Era um lugar mais largo. De repente pararam. O silêncio tomou conta do lugar. Tinha alguma coisa ali. Só Anitta não pressentiu o que era.
- Por que a gente parou? – sussurrou ela.
Maya colocou seus dedos sobre a boca de Anitta, pedindo silêncio. Começaram a olhar para o escuro. Tinha alguma coisa ali e não era boa. Não era à toa, estavam praticamente no fim da caverna e do Jardim. Bastava passar dali e chegariam a Fontaine.
Pôde-se ouvir um barulho vindo do escuro. Era um grunhido. O terror tomou conta de Anitta. Ela se segurou forte nos braços de Marco e Maya. Sentiu seu coração pular no peito, parecia que ia rasga-lo ao meio. Era um terror tão medonho quanto o que sentira ao acordar da queda que sofreu. Outro barulho saiu do escuro. Era um tremor. Pareciam passos. Bastou que Maya esticasse o braço para frente com o tubo para ver o que era. Era o dinossauro zumbi que apareceu correndo atrás de Anitta algumas horas atrás. Quando se tornou visível, deu um rugido forte e Anitta deu um grito de pânico.
Llynx concentrou-se e lançou uma magia de fogo contra o dinossauro.
- Fire! – suas mãos criaram bolas de fogo que foram arremessadas contra o monstro. Elas incendiaram o cadáver ambulante. O monstro rugiu novamente, mas com dor. O fogo começou a queimar parte do corpo do monstro e melhorou a iluminação da caverna, mas a visão não foi boa. Lá estavam vários zumbis e esqueletos próximos do dinossauro, prontos para matar.
Llynx sacou suas Shadow Blades e partiu para enfrentar os inimigos que ali estavam. Marco e Maya também foram lutar. Apenas Anitta que ficou para trás. Os zumbis e os esqueletos estavam sendo facilmente derrotados. O problema era o dinossauro zumbi que sempre tentava matar os únicos seres vivos ali com investidas, mordidas e pisadas. E o pior: parecia que o fogo que queimava nele não estava fazendo efeito.
Maya combinou com Llynx e Marco que ela daria conta dos zumbis e dos esqueletos enquanto os dois iriam atrás do dinossauro zumbi. Llynx o acertava com mais magias Fire enquanto Marco o golpeava com sua espada. Anitta observava a luta no escuro de longe. Estava com medo até de lutar.
A luta que Maya travava com os zumbis e com os esqueletos não ia bem. Ela estava em desvantagem quase sendo derrotada. A luta contra o dinossauro também ia de mal a pior. Marco e Llynx acabaram se envenenando quando foram acertados pelo corpo encarniçado do dinossauro, que estava todo cheio de esporos de veneno e larvas tóxicas. Enfraquecidos, os dois não estavam conseguindo se aguentar em pé e acabaram sendo acertados por uma investida do dinossauro. Ambos caíram no chão, sem força o suficiente para se levantar.
Depois que terminou com Llynx e Marco, o dinossauro avistou Anitta e avançou na direção dela. Anitta estava de pé e não conseguia se mover de medo. Pensou que aquela hora seria seu fim.
- Corra, Anitta! Corra! – gritou Marco. Anitta deu alguns passos para trás, mas já era tarde para tentar escapar. O dinossauro acertou uma forte investida contra Anitta que foi arremessada para longe, se chocando com uma parede. - ANITTA!!
O grito de Marco chamou a atenção do dinossauro, que correu na direção do paladino. Marco se levantou com muita dificuldade, mas o impacto dos passos do dinossauro derrubou-o de volta ao chão. Enquanto estava no chão, o dinossauro pisou em cima dele. Marco estava nocauteado.
- Marco! Marco! – gritou Maya para o paladino. – Não!
Ela e Llynx estavam imobilizados, não podiam ajudar. Ela olhou para onde Anitta tinha caído, na esperança de que a princesa tivesse sobrevivido ao ataque. Não tinha nada lá. Sem esperanças, Maya começou a achar que ia morrer ali naquele pardieiro. O dinossauro foi na direção dela para abocanhá-la, mas uma luz interrompeu a hora fatídica de Maya. Era uma luz vermelha e vinha de onde Anitta tinha caído.
Maya olhou para onde a luz e se impressionou com o que viu. Anitta estava flutuando e estava coberta por uma aura vermelha. Os cabelos louros flutuavam no ar como se estivessem debaixo d’água. Pela sua feição, parecia estar sem medo e querendo se vingar do terror que o dinossauro causou. Não havia dúvida. Ela estava pronta para liberar seu primeiro Limit Break.
- Vai se arrepender pelo que fez. – disse Anitta fitando o dinossauro zumbi.
O emblema de invocação da deusa Shiva.
Anitta levantou seu cajado e sua cabeça para o alto e uma fraca ventania começou a soprar na caverna. A princesa passou a brilhar mais e um emblema surgiu sobre seus pés. A ventania ficou mais forte e fez com que alguns esqueletos levantassem e se chocassem um contra os outros. O vento estava esfriando o ambiente. Ela disse algumas palavras mágicas em voz baixa e depois disse em alto e bom tom.
- Vento, cesse para silenciar e luz, nos dê poder! – ela desceu a cabeça e olhou para o dinossauro mais uma vez para gritar duas palavras. – Venha, Shiva!
Ao terminar de dizer esse nome, saíram cristais de gelo enormes do chão na frente dela. Quem estava de frente para os cristais pode ver o reflexo de uma mulher de pele azul clara como o céu. A mulher abriu os olhos e os cristais se quebraram, revelando Shiva, a deusa de gelo. Maya não estava acreditando no que via. Era um dos lendários Eidolons que derrotaram os Espers e o rei Lucemia 30 anos atrás que estava ali na sua frente.
A deusa era muito bela e sensual, porém fatal. Tinha longos cabelos azul escuro, divididos em tranças, algumas delas com anéis nas pontas. Suas vestes apenas lhe cobriam os seios e as partes íntimas.
Ao pousar seus pés sobre o chão, congelou a área na qual estava próxima. Anitta estava conectada a deusa e tudo que Anitta fazia ou dizia Shiva faria o mesmo. As duas viraram o olhar para os esqueletos e zumbis, levantaram as mãos e gritaram juntas: “Colisão Celestial” (Heavenly Strike)! Nisso, surgiram estacas de gelo vindas do alto teto da caverna que caíram em cima dos inimigos, aniquilando-os. Com os zumbis e esqueletos eliminados, era a vez do dinossauro zumbi sair de circulação.
Shiva, a deusa de Gelo. Um dos treze Eidolons sagrados.
Shiva lançou um olhar gelado para o monstro e levantou os braços ao gritar seu próximo ataque: “Pó de Diamante”! (Diamond Dust). Shiva começou a rodopiar em torno de si mesma, enquanto vários flocos de gelo iam se formando. Quando formou flocos suficientes, Shiva parou de rodopiar e apontou para o dinossauro. Os flocos envolveram o dinossauro até que ele se tornasse um bloco de gelo. Para finalizar o ataque, Shiva voltou a flutar e deu uma investida contra o bloco de gelo. O impacto fez com que o bloco partisse em minúsculos pedaços juntamente com o dinossauro.
- Nossa. Quanto poder. – Maya olhou tudo aquilo pasma. Era fantástico ver a deusa de gelo salvar a sua vida.
Os inimigos foram derrotados. Não havia mais motivo para Shiva estar ali. Antes de ir, Shiva olhou para Anitta e sorriu. Anitta correspondeu ao sorriso e viu a deusa se desfazer em minúsculos flocos de gelo, desaparecendo no ar. A aura vermelha e a luz que envolviam Anitta cessaram e a princesa a pousou no chão. Maya se levantou e foi ao encontro da princesa. Ela estava fraca por causa da invocação que fizera. Isso lhe consumiu muito poder mágico.
- Você está bem? – perguntou Maya.
- Sim, vou ficar. – respondeu com cansaço.
- Como conseguiu fazer aquilo? Foi incrível!
- Não sei. – Anitta levantou suas mãos e começou a olhá-las. – Eu simplesmente senti um poder forte dentro de mim querendo sair. Eu só o liberei. Parece que eu já sabia o que fazer.
- Legal! Me ensina a fazer isso depois. – brincou Maya.
- Pode deixar. Depois que eu aprender eu ensino. – riu Anitta. As risadas cessaram quando Anitta levantou o rosto procurando pelos companheiros. – Onde estão Marco e Llynx?
- Marco está desacordado. – respondeu Llynx, que havia se recuperado do efeito de envenenamento com um Antídoto. – O dinossauro pisou nele enquanto você foi golpeada.
- Precisamos ajudá-lo! – disse Anitta com preocupação.
- Então o cure. – sugeriu Maya.
- Não posso. Consumi meu poder mágico nesse Limit Break. Temos que ir pra Fontaine agora!
- Então vamos rápido. – respondeu Llynx.
Llynx correu na direção de Marco. Levantou-o e o pôs sobre os ombros. Anitta se apoiou em Maya e as duas correram na direção de Llynx.
- Vamos! – disse Maya. – Fontaine está logo à frente.
O dia já estava nascendo, podia se ver pequenos raios de sol refletidos nas rochas da caverna. Já estavam quase na fronteira entre Royale e Fontaine.
O que vai acontecer? Será que os quatro conseguirão sair com vida do Jardim da Morte? Será que vão conseguir chegar a Fontaine a tempo de salvar a vida de Marco? E como Anitta conseguiu invocar Shiva?
As respostas estarão no próximo capítulo da fanfic Final Fantasy XV! No Capítulo 5: Melodia!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Capítulo 3: Plano de Fuga





Os Bosques da Brisa do Sul
O sol da tarde já brilhava no céu com força. O vento batia com calma nas folhas dos Bosques da Brisa do Sul. Neles vinha um cheiro de mar, de areia, de verão. Os bosques eram um lugar perfeito para descansar. O clima tropical proporcionava um ambiente agradável. Não se ouvia quase nenhum barulho naquele lugar, apenas o canto dos pássaros e da brisa que vinha da costa. Exceto naquela tarde. Havia um barulho diferente naqueles bosques. Era um barulho típico de guerra, o barulho de lâminas se chocando, que quebravam a calma do lugar. Lâminas de espadas.
A luta era composta por dois homens: Marco, o líder da Armada de Urano, paladino formado na Academia Mágicka de Mysidia, protetor oficial da belíssima princesa Anitta Von Tia’bra; e um misterioso homem em negro, coberto por uma capa e um capuz, tinha boas habilidades com armas de Assassins e manipulava bem tanto as Black quanto as Time Magicks, era um excelente guerreiro, porém pouco se sabia sobre ele. A luta dos dois era acirrada. Nem um, nem o outro conseguia ferir o adversário. Já estava ficando cansativo aquilo tudo. Não era uma batalha até a morte. Marco só queria derrota-lo para o levar até Anelleh sob custódia, e o homem só queria o derrotar para poder continuar sua fuga.
A luta demorara tanto que Anitta acabou recuperando a consciência e se levantou do chão. O sequestrador não percebera que sua refém tinha despertado e acabou se distraindo por um tempo. Então, Marco lhe dera um chute nos joelhos e o derrubou no chão. Antes que ele pudesse se levantar, Marco apontou a ponta de sua Greatsword para o peito do homem.
- Você vai ganhar mais ficando quietinho, sério. – disse Marco, ofegante com o esforço que teve para derrotar seu adversário.
Ao ver que estava derrotado, o homem acabou desfazendo suas lâminas de sombra (Shadow Blades), ficando desarmado. A princesa se aproximou dos dois para ver melhor quem a raptara.
- Se afaste, Alteza. Este homem é perigoso. – disse Marco.
- Fique tranquilo, Marco. Só quero que ele me responda algumas perguntas.
A princesa se aproximou do homem e se ajoelhou tentando enxergar melhor o rosto dele, que continuava coberto pelo capuz.
- Acho que você me deve uma explicação pra toda essa confusão, certo? – perguntou Anitta ao sequestrador.
- Acho que sim. – respondeu ele após dar um suspiro de insatisfação com a derrota. – Posso pelo menos me levantar para poder me explicar?
- Claro que não. – respondeu Marco rispidamente.
- Deixe-o, Marco. Quero ouvir o que ele tem a dizer.
- Mas, Vossa Alteza, ele a sequestrou. Ele ainda lhe oferece perigo. Antes vou algemá-lo, para que ele não fuja.
Marco levantou o homem e o algemou bem antes que ele falasse com a princesa.
- Bom? O que tem a me dizer? – perguntou Anitta, ainda um pouco atordoada com a queda.
- Desculpe-me por tê-la colocado em perigo, Majestade. Tinha que falar com Vossa Alteza o mais rápido possível. – respondeu o homem em baixo tom.
- Agora é a sua chance. Antes, me diga qual é o seu nome. – disse Anitta.
O homem suspirou, contrariado com o pedido da princesa e disse:
- Llynx. Meu nome é Llynx.
- Certo, Llynx. Agora, me responda. Por qual motivo você me raptou?
- Preciso do auxílio de Vossa Graça. Há uma pessoa que precisa de suas habilidades com White Magicks. É uma amiga. Ela está muito mal. Está com uma doença gravíssima, e está com a vida por um fio. Soube que Vossa Graça tem poderes extraordinários e é uma das melhores White Mages que existem. - Llynx não levantou o tom de voz, permaneceu frio, falando baixo.
- O que ela tem?
- Não sei. Faz dias que ela está assim. Tentamos de tudo, mas nada a reanimava. Tememos que ela possa morrer.
- E por que você não entrou no palácio e marcou uma audiência com a princesa, para que isso fosse resolvido? – interveio Marco, não convencido com a justificativa de Llynx.
- Seria impossível pedir isso a princesa por uma audiência. A burocracia do palácio é terrível. Nunca me deixariam falar com a princesa para pedir esse favor.
De fato, a burocracia no palácio era mesmo irritante. Caso alguém quisesse falar ou com o Imperador ou com a princesa, era necessário marcar hora, e muitas vezes os guardas barravam os visitantes ou não eram recebidos, caso as majestades não quisessem atender. Mas Anitta não era assim. Sempre estava disposta a ajudar os outros. Não negaria ajuda a Llynx caso ele falasse com ela por uma audiência.
- Sim, concordo com você. – disse Anitta para Llynx. – Muitas pessoas que vão para uma audiência são facilmente dispensadas pelos guardas. Não o culpo por isso. Mas não entendo porque você me raptou. Não precisava fazer isso.
- Eu sei, e peço desculpas por isso mais uma vez. Mas não pensei em outra forma de falar com Vossa Graça. Essa pessoa doente precisa de suas habilidades o mais depressa possível.
- E como podemos saber se você não está mentindo? – perguntou Marco, ainda desconfiado.
- Não farei mal algum à princesa. Não vou força-la a vir comigo. Ela já é adulta e tem vontade própria, pode decidir o que fazer ou não.
Anitta se surpreendeu com o que Llynx dissera. Era a primeira vez que ouvia aquelas palavras numa mesma frase desde que atingiu a maioridade. Nunca mais que ouviria uma coisa dessas de alguém. Ainda mais daquele homem desconhecido que estava ali. Ela tentou analisar bem o sujeito para ver se valia a pena fazer o que pedia. Pelo que ela viu, pareceu que o homem não era um homem mais velho. Era um rapaz, não muito mais velho que Marco. Não era possível adquirir mais detalhes por causa das vestimentas que o escondiam muito, mas Anitta não sentiu malícia nas palavras de Llynx e pensou em dar um voto de confiança no que ele disse.
- Acredito em você, Llynx. – disse Anitta. – Você fez uma coisa errada, mas com boas intenções. Acho que não vai me custar atender ao seu pedido.
- Isso é bom, Alteza. Agradeço por me ouvir. – Llynx estava agradecido, mas não demonstrava estar alegre com a resposta da princesa. Parece que não fazia diferença o que ela poderia lhe dizer.
- Liberte-o, Marco. – voltou-se a princesa ao seu guarda-costas.
- Mas, Alteza, tem certeza? Ainda é jovem, não sabe das pessoas. Como elas agem umas com as outras.
A princesa se sentiu ofendida com o que ouviu de Marco.
- Disso eu tenho muita experiência. – respondeu ela com nervosia. – Convivi com gente da alta sociedade desde a minha infância, e sei distinguir muito bem quem tem bom coração ou quem só quer saber de aproveitar dos outros. Não preciso que você tome decisões por mim, Marco.
- Me desculpe, minha princesa. – respondeu Marco, enquanto retirava as algemas de Llynx.
- Então, senhor Llynx, onde está essa pessoa que você quer que eu trate?
- Ela não se encontra nas redondezas, infelizmente. – respondeu ele enquanto passava as mãos pelos pulsos para aliviar a irritação das algemas. – Ela está na cidade de Fontaine.
- Fontaine? Essa cidade fica a quilômetros daqui. – Marco se intrometeu mais uma vez. – Como quer que a princesa vá até lá?
Anitta estava começando a ficar nervosa com a preocupação excessiva de Marco. Ela o repreendeu com o olhar.
- Como eu ia dizendo, Alteza. - continuou Llynx, ignorando Marco. – Irmos a pé até Fontaine fica fora de mão. É melhor esperarmos até amanhã e irmos para Ghest’al. De lá, pegamos o trem do Festival da Caçada e vamos até Fontaine nele.
Marco e Anitta nem se lembraram de que, no dia seguinte da comemoração do aniversário de Tia’bra, os Clan Hunters realizavam o Festival da Caçada. Durante este festival, várias pessoas membros do Clan Hunters, um grupo de caçadores de elite, iam para as Montanhas Valendia caçar monstros e criaturas terríveis. Não era bem uma competição, era mais para uma colaboração de muitos. No final, aquele que matasse a criatura mais vil e perigosa ganhava um prêmio em dinheiro.
Anitta consentiu com a ideia de Llynx.
- Certo. E onde ficaremos até então?
- Não podemos voltar a Tia’bra, pois podem me prender e te devolver ao palácio. Se formos para Ghest’al agora e dormirmos em uma pousada lá, corremos o risco de acordar com a cidade entupida de soldados do Império atrás de nós. Como já está quase anoitecendo, sugiro que fiquemos aqui pelos bosques mesmo.
- Então, vamos montar um pequeno acampamento. Partiremos amanhã para pegarmos o trem dos caçadores. – concluiu Anitta.
Andaram até não muito longe dali, até chegarem a um lugar mais plano dos bosques, capaz de montar uma cabana sem que algumas criaturas selvagens os atacassem. Marco retirou do bolso um tubo de tamanho mediano. Dentro dele tinha algumas hastes e um toldo para montar cabanas. Enquanto Marco montava a cabana, Anitta se afastou um pouco para admirar a natureza que pouco via de perto.
Marco olhou para Llynx, que olhava na direção de Tia’bra. Sabe-se lá o que passava na cabeça daquele rapaz. Talvez estivesse verificando se os Imperiais estavam por perto.
- Essa cabana é para a princesa. – disse Marco. – Se quiser dormir em uma, se vira.
Llynx continuou a olhar na direção em que estava sem se deixar provocar pelo que Marco lhe dissera. Ignorou-o, como fez há poucos instantes.
Anitta estava feliz por sair do palácio. Llynx lhe dera uma chance de viver um pouco de aventura, embora ela soubesse que seria por pouco tempo. Anitta tocava as árvores e as folhas como se nunca soubesse o que era aquilo. Sentia a brisa do sul com cheiro de mar bater em seu rosto. Não havia sensação melhor para quem passou a maior parte da vida trancafiada em um palácio.
A noite caíra e Anitta fora dormir cedo, pois estava cansada com aquele dia. Marco não dormiu aquela noite, pois temia que Llynx tentasse raptar a princesa novamente. Marco sentou-se ao lado da fogueira que fora feita ao lado da barraca de Anitta e ficou vigiando as redondezas e Llynx, caso acontecesse alguma coisa de suspeito. Mas Llynx não demonstrava estar preocupado com a princesa ou com Marco. Llynx subiu em uma árvore e ficou olhando o horizonte de cima dela. Foi lá onde ele passou a noite toda.
Amanheceu. Anitta despertou assim que o sol brilhou na copa das árvores dos bosques. Ao sair da cabana, foi recebida por Marco.
- Bom dia, Alteza. – disse ele com um sorriso.
- Bom dia, Marco!
- Como passou a noite? Conseguiu dormir bem?
- Sim, foi uma boa experiência dormir em uma barraca.
- Lamento por não ter arranjado um lugar melhor para descansar. Vossa Graça não merece dormir dessa forma.
- Não se preocupe, Marco. Estou ótima. Eu é que lamento por você ter passado a noite me vigiando. Não gosto que faça isso, mesmo com boas intenções. Acho que se esforça muito.
Marco sorriu e sentiu ficar corado pelas doces palavras que ouvira.
- Não foi nada, Alteza. Só estou cumprindo o meu dever.
- E está fazendo um ótimo trabalho! – disse a princesa com um belo sorriso, jogando as mãos para trás, como se estivesse com vergonha de dizer aquilo.
Os dois se olharam por alguns instantes e sorriram um para o outro. Depois de alguns instantes, o silêncio incomodou Anitta.
- Então, acho que não vamos ficar aqui nos olhando o dia todo, certo? – disse Anitta, quebrando o silêncio. Estava um pouco envergonhada.
- Não, não. – respondeu ele com uma risada. - Vamos continuar o que viemos fazer.
Nisso, Llynx desceu da copa da árvore e caiu ao lado de Marco. Ao atingir o chão, se limpou de algumas folhas que caíram sobre ele.
- Bom dia, senhor Llynx. – disse a princesa.
Llynx respondeu o bom dia da princesa, mas com muita frieza em sua voz. Ela ficou um pouco sem graça com a atitude dele, mas não se importou muito. Llynx na maioria do tempo falava com frieza. Não mudava de tom. As suas vestes o descrevia: era misterioso, frio e calculista. Não se sabia muito daquele homem; de onde vem, o que faz, qual é sua família.
Marco não ficou satisfeito com a frieza de Llynx.
- Quando partiremos? – perguntou Marco em tom grosseiro.
- Agora. – respondeu Llynx.
Marco desmontou a barraca em que Anitta dormira. Só de ver a barraca dava vontade de deitar e descansar por um tempo. Não foi fácil ficar na correria que teve no dia anterior e ainda virar a noite acordado de sentinela.
Ao terminar de desmontar a barraca, Llynx avisou aos dois.
- Ah, ia me esquecendo de falar. Primeiro precisamos que você troque suas roupas. – disse ele a Anitta. –Todos te conhecem e a roupa chama muito a atenção. Não queremos levantar suspeitas.
- Mas o que a princesa vestirá? Ela não pode sair nua por aí! – disse Marco, um pouco revoltado.
- E segundo, é melhor você parar de trata-la formalmente. Precisamos manter sigilo absoluto. – respondeu Llynx com rispidez. – Compraremos roupas para Anitta assim que chegarmos a Ghest’al.
- Petulante. – resmungou Marco.
Anitta viu que Llynx tinha razão e tentou consolar Marco, dizendo que o mago tinha razão. Teriam que manter sigilo para salvar a vida de quem Llynx havia pedido. Os três saíram em caminhada ao noroeste, para alcançar Ghest’al. Pelo caminho, enfrentaram algumas criaturas selvagens, mas nem sinal dos soldados do Império.
Finalmente, depois de três horas de caminhada, chegaram à pequena cidade. Ghest’al era uma cidade de pequeno porte. Era conhecida por abrigar a sede dos Clan Hunters, os caçadores de elite que caçavam monstros, criaturas e até pessoas a serviço de outras. Não eram assassinos, nem justiceiros. Só caçavam pessoas e criaturas que faziam mal a outras pessoas. Quando cumpriam uma missão, ganhavam uma recompensa e, dependendo do nível da caçada, poderia adquirir uma qualificação maior e sair em busca de alvos mais fortes e mais valiosos.
Ao chegarem, passaram pelas partes menos populosas da cidade, onde certamente ninguém os reconheceria.
- Vou na frente ver se tem alguém que pode nos impedir. – disse Llynx.
Llynx passou por alguns becos até chegar ao centro da cidade. Lá, ele encontrou o que ele temia encontrar. A cidade estava infestada de Imperiais. Seria impossível passar com Anitta vestida daquele jeito. Llynx retornou para onde os dois estavam.
- Os Imperiais estão por todos os lados. Temos que arranjar uma forma de te deixar menos reconhecida. – disse ele para Anitta.
Uma das ruas de Ghest'al, com o brechó ao fundo.
Marco, ao ouvir aquilo, pensou se não seria melhor chamar os Imperiais para prender Llynx e voltar à rotina, mas fora puxado pelo braço por Anitta até um pequeno brechó ali perto. Llynx ficou do lado de fora, vigiando caso algum soldado do Império entrasse. Marco e Anitta chegaram perto do balcão, onde foram recebidos por uma mulher já mais velha.
- Alteza! Que honra recebe-la aqui! Capitão Marco, também é ótimo recebe-lo! – disse a atendente com euforia. Os dois responderam com um sorriso. – Em que posso ajudar?
- Preciso de uma roupa mais simples. – respondeu Anitta, engolindo em seco pelo que a atendente poderia responder.
- Hm... Alteza, desculpe minha curiosidade. Mas por que Vossa Graça quer comprar da minha loja? Tenho roupas tão simples e feias. As suas são deslumbrantes! Olha o seu vestido, por exemplo!
De fato, Anitta estava muito bela. Estava com um vestido azul claro, cheio de detalhes com brilhantes e diamantes. Estava muito chamativo para a fuga.
- Obrigado, mas realmente preciso de roupas mais simples. Poderia me mostrar?
- Claro! Desculpe minha intromissão. – respondeu a atendente.
Ela saiu de trás do balcão e foi ajudar a princesa a escolher suas roupas. Demoraram um pouco para escolher tudo. Depois de um tempo, a princesa saiu dos fundos do brechó e se aproximou de Marco, que estava de frente à porta também na vigia.
- Marco, olhe só. O que você achou?
Marco se virou e viu como sua princesa havia mudado. Seus longos cabelos loiros foram jogados para trás e parte deles fora preso com um laço azul. Trocara seu vestido por uma blusa branca de manga longa com babados nas mangas e um pequeno decote. Estava com um colete azul por cima da blusa. Usava uma calça colada azul e um par de sapatos brancos. A calça mostrava muito bem suas curvas. O único acessório que tinha era um pequeno cristal que ganhara de sua falecida mãe. Ela estava tão bela quanto antes.
- Está deslumbrante, princesa. Belíssima. – respondeu ele.
Anitta ficou satisfeita com a resposta. Estava feliz e um pouco envergonhada. Naquele momento, Llynx entrou no brechó para pedir que se apreçassem. Ele viu a princesa com suas novas roupas e parou um pouco.
- O que acha, Llynx? Está bom?
Llynx agiu com indiferença.
- Sim, mas só falta uma coisa.
Ele foi em direção a uma estante que estava com óculos escuros. Pegou qualquer um e o entregou a Anitta.
- Ponha-o. Talvez ajude.
Anitta os colocou e foi ao um espelho para se arrumar. Marco não tirava os olhos da princesa.
- Está babando. Quer um lenço? – perguntou Llynx para Marco em um tom baixo o suficiente para que a princesa não ouvisse.
Marco se irritou, mas ignorou Llynx. Ele foi em direção à atendente e perguntou a quantia que deveria ser paga.
- Não vou lhe cobrar caro. – disse ela. – Para vocês, cobro 250 gil.
Marco a pagou e agradeceu. Anitta deixou o brechó contente com suas novas roupas. Estava pronta para a aventura. Ao sair, Llynx a parou novamente.
- Tome. – disse ele, lhe entregando um White Staff. – Vai precisar disso para se defender.
Anitta pegou a arma e a admirou um pouco. Aquele cajado a defenderia de seus inimigos.
- E lembrem-se. – disse Llynx. – Nada de formalidades para não levantar suspeitas.
Os três saíram para o centro da cidade para pegar o trem. Tentaram agir com muita discrição para não serem percebidos. Ao chegarem na praça central de Ghest’al, ouviram um homem gritar de cima de uma estátua do Imperador.
- Aviso a todos que participarão do Festival da Caçada! O trem vai partir em 15 minutos! Aprontem-se e embarquem logo.
Enquanto se aproximavam do trem, Marco estava pensando se aquilo que iriam fazer era certo. Ainda podia voltar com a princesa e evitar que ela corresse perigo. Nisso, um dedo cutucou seu ombro.
- Capitão? – disse uma voz.
Marco se virou e viu Biggs e Wedge no meio daquela multidão.
- Biggs! Wedge! O que fazem aqui?
- Estávamos procurando pelo senhor. – respondeu Biggs. – Depois que o senhor e a princesa sumiram de Tia’bra, o Capitão Gilgamesh imaginou que estariam nas redondezas e mandou as Armadas virem busca-los.
- O senhor conseguiu encontrar a princesa? – perguntou Wedge.
Marco deu um nó na garganta. Não sabia o que responder. Se dissesse que sim, prenderia Llynx e trancaria Anitta novamente no palácio. Se não, poderia continuar a viagem com ela até Fontaine e resolver esse problema. As palavras demoraram para sair da boca de Marco.
- Não... – disse ele. – Não. Não a encontrei ainda. Quem mais está aqui?
- Há soldados de ambas armadas aqui, capitão. – respondeu Wedge.
- Procurem nas redondezas. Vou procurar a princesa no trem antes que ele parta. Encontrem-me aqui assim que o trem sair. – ordenou Marco.
Biggs e Wedge fizeram continência e sumiram no meio da multidão. Marco suspirou e estava um pouco arrependido de mentir para seus homens. Mas já era tarde, não podia voltar atrás. Seguiu em frente e embarcou no trem. Anitta e Llynx já o esperavam lá dentro.
O trem do Festival da Caçada.
- Acabei de encontrar com Biggs e Wedge. Vou ter que transitar pelo trem para não levantar suspeitas. – Marco olhou para Llynx e custou a fazer com que as palavras a seguir saíssem por sua boca. – Cuide de Anitta até eu voltar.
Anitta se surpreendeu com o pedido de Marco. Llynx balançou a cabeça concordando e Marco sumiu em meio ao tumulto que o trem estava. Anitta tentou procurar os olhos de Llynx no meio daquela escuridão para conversar.
- É estranho ouvir isso dele. Ele sempre quis me proteger e estar ao meu lado. – disse ela, rindo.
- Ele se preocupa muito com você. – disse Llynx.
Anitta pensou em Marco e no bem que ele transmitia a ela. Era ótimo ter ele ao seu lado. Sentia-se segura e protegida.
- Vamos procurar um lugar para nos sentar. – sugeriu Llynx.
Instantes depois que Llynx e Anitta acharam uma poltrona para se sentar, o trem apitara e deu a partida. Estava deixando a estação de Ghest’al naquele momento, em direção a Fontaine. Se tudo corresse bem, chegariam a Fontaine antes de anoitecer.
Marco deu umas voltar no trem e viu a paisagem dos prédios passando. Estava arrependido do que acabara de fazer com seus soldados e se sentou em um banco, suspirando. Nem percebera que alguém estava passando a mão pelos seus bolsos, tentando lhe roubar. Só sentira quando a mão escorregou com um solavanco do trem e bateu em sua cintura. Quando percebeu, estava sendo assaltado por uma jovem. Ele rapidamente segurou o braço dela e apertou com força.
- Como você é esperta. Tentando se aproveitar da minha distração. Eu devia te prender agora. – disse ele.
A jovem tentava se soltar de qualquer forma. Marco estava apertando com muita força o braço e estava o torcendo.
- Está me machucando! – disse ela. – Vai quebrar o meu braço!
- Eu deveria fazer isso mesmo. Não merece tê-lo depois do que fez.
- Me perdoe. Não farei isso mais. – ela começou a derramar algumas lágrimas de dor.
Marco se levantou e a arremessou contra a poltrona. A jovem passava a mão pelo braço machucado e estava com as marcas dos dedos do paladino neles. Ela levantou sua face cheia de ira e lágrimas contra Marco.
- Maldito! Olhe o que você fez. – nisso, a jovem sacou uma faca retorcida de seu cinto. – Jurei que nenhum homem iria me machucar mais e vou cumprir essa promessa. Vou me vingar de você!
A jovem avançou para cima de Marco, mas ele conseguiu desviar e a faca acertou a porta do vagão do trem, abrindo-a. Ele não entendia o que ela queria dizer com se vingar dele. A porta aberta revelou alguns soldados do Império chegando ao vagão e ficaram por entender o que estava acontecendo. A jovem, irritada ainda tentou partir para cima do capitão. Pronto para desviar da investida, ela foi mais ligeira e o agarrou por trás, colocando a sua faca próxima à jugular dele.
- Solte o capitão! – disseram alguns soldados.
- E agora? Quem você acha mais forte? – disse ela para Marco. – Minha Khukri está com sede. Que tal eu cortar o seu pescoço para alimentá-la?
- Que bom, hein? Você tenta me roubar, não consegue e agora tenta me matar. Vocês ladrões são muito previsíveis.
- Mas também podemos ser muito perigosos. – disse ela, enquanto o puxava para trás.
- Por que quer se vingar de mim? Nem te conheço!
- Não se faz de sonso, palhaço! Você cavou sua sepultura desde que matou meus pais!
-Eu?! Seus pais? Está louca?
Os Imperiais estavam armados com espadas e revólveres apontados para a jovem que rendeu Marco. Ela gritava a toda hora que era para se afastarem, ou o mataria. Ficou tanto tempo rendido e andando que chegaram ao vagão onde Llynx e Anitta estavam. Ao ver que Marco estava rendido, Anitta se levantou imediatamente e se pôs a gritar.
- Escute, moça, ordeno que liberte este homem agora!
- Ordena? – a jovem deu altas gargalhadas. – Quem você pensa que é para mandar em mim?
- Sou a princesa Anitta Von Tia’bra, filha do Imperador Cidolfus! – gritou ela, retirando seus óculos. Naquele momento todos os caçadores pararam de ver a possível morte de Marco e repararam na princesa.
- A princesa? Aqui? – todos começaram a comentar, surpresos por ela estar naquele trem.
Anitta percebeu a burrada que fez. Llynx demonstrou decepção com ela por ter entregado o plano.
- Então a princesa está aqui? – disse uma voz familiar no meio dos soldados. Era a voz de Gilgamesh. – Já suspeitava que a tivesse encontrado, irmãozinho.
A jovem se surpreendeu por tantos Imperiais estarem juntos que entrou em pânico.
- Vocês não vão me pegar! Não vão mesmo! – disse ela, aproximando a sua Khukri ainda mais do pescoço de Marco.
- Eu acho que te conheço, mocinha. – disse Gilgamesh para a jovem. – Vi seu retrato na sede do clube dos Clan Hunters. Como era seu nome mesmo? Maya?
A jovem se calou, mas ficou ainda mais desesperada.
- Acho que temos aqui duas pessoas para serem presas, irmãozinho. – disse Gilgamesh para o irmão. – Aquele carinha encapuzado do lado da princesa e essa rata de esgoto em cima de você.
- Rata? RATA!? Como ousa, seu demônio?! – Maya largou Marco e avançou para cima de Gilgamesh. – Depois do que você causou a minha família? Desgraçado!
Quando Maya ia esfaquear Gilgamesh, ele a golpeou na cabeça, fazendo com que caísse desacordada. Marco olhou a cena com espanto enquanto passava a mão pelo pescoço para verificar se estava sangrando.
- Por que essa menina tem tanto ódio de você? – perguntou Marco a Gilgamesh. – O que você fez à família dela?
- Digamos que fui obrigado a encomendar a família dela para um lugar melhor do que Gaia. – respondeu Gilgamesh com gargalhadas.
Marco ficou aterrorizado com a atitude do irmão.
- Não acredito que você matou os pais dela por prazer. Como pode? – disse ele.
- Ora, eles são a ralé da sociedade. Ninguém vai sentir falta deles. – respondeu Gilgamesh com um pouco de risos. – Além do mais, eram ladrões da pior laia. Ela também merece a morte.
Gilgamesh retirou sua espada japonesa recém-adquirida, a Asura, e ia cravá-la nas costas de Maya. Quando ele ia mata-la, foi salva por Anitta e Llynx que a levantaram e rapidamente se levantaram e ficaram ao lado de Marco.
- E vocês? – perguntou Marco aos soldados que estavam ali, decepcionado. – Admiram a atitude de seu líder?
Eles começaram a rir junto com Gilgamesh, em resposta a Marco.
- É claro que sim. – respondeu Marco para si mesmo. – São soldados corruptos, só pensam em se divertir à custa de outros. Os soldados da minha Armada não fariam isso.
Gilgamesh parou de rir subitamente e levantou à espada contra Marco.
- Tudo bem, chega de brincadeira. – disse ele ao irmão e seus companheiros de viagem. – Entregue a princesa sem que ninguém se machuque.
Marco começou a recuar para proteger a princesa.
- Estou decepcionada com você, Gilgamesh. – disse Anitta. – Como pode fazer isso? Não pode sair por aí matando as pessoas por diversão.
- Não se preocupe comigo, majestade. – respondeu Gilgamesh com grosseria. – Já sou adulto e faço o que quero. Ao contrário de você que faz o que os outros dizem que é melhor. Agora venha. O palácio te aguarda.
- Com você? Nunca! – gritou ela antes de correr pelos vagões do trem. Ela foi seguida por Marco e Llynx, que carregava Maya em seus ombros.
- O que estão esperando, idiotas? Vão atrás dela! – gritou Gilgamesh para seus soldados.
Os soldados perseguiram o grupo pelo trem com um vagão de distância deles. Quando o grupo chegou ao último vagão antes da locomotiva, Marco deu a ideia que subissem para fora do trem, ficando em cima dos vagões. Marco ajudou Anitta a subir e depois ajudou Llynx com Maya. De lá de cima, notaram onde estavam. Estavam em um lugar alto, coberto por nevoeiros. Lembraram que os trilhos passavam por um lugar alto ao passar pelas terras de Royale. Se caírem daquela altura, se espatifariam no chão como ovos caindo de uma bancada de cozinha.
Ao avançarem, perceberam que os soldados de Gilgamesh os seguiram pelo telhado. Os soldados partiram pra cima de Marco e este começou a lutar contra os soldados. Llynx percebeu que precisava ajudar e disse para Anitta tomar conta de Maya enquanto ele ajudava Marco.
Llynx sacou suas Shadow Blades e, num ataque surpresa, ele as usou para perfurar um dos soldados e rapidamente se levantou para lutar conta o outro. O soldado caiu ferido, quase morto. Os outros dois estavam lutando com Llynx e Marco. O trem fazia muitos solavancos e os soldados não tinham experiência com lutas em lugares em movimentos. Marco nocauteou seu oponente com uma pancada com o cabo da Greatsword. Llynx se afastou um pouco e usou Stop, uma Time Magick. O soldado ficou paralisado, sem movimento. Não piscava e nem respirava. Tornou-se uma estátua.
- Nossa, quanta eficiência! Aplausos para vocês dois. – disse Gilgamesh ao se aproximar aplaudindo. Quando terminou, sacou sua Asura. – Agora é a minha vez!
A Black Magick Blizzard sendo conjurada em um monstro.
Gilgamesh pulou em cima de Llynx. Ele desviou e soltou uma Black Magick Blizzard na barriga de Gilgamesh. Ele se afastou um pouco, com dor. Limpou alguns estilhaços de gelo e voltou para cima de Llynx. Marco bloqueou o ataque e afastou a katana de si. Aproveitando, Gilgamesh chutou a perna de Marco, derrubando-o. Llynx conjurou mais uma Blizzard em Gilgamesh, dessa vez o derrubando. Gilgamesh se levantou e não gostou do que viu. Marco estava com seu Limit Break carregado ao máximo.
- Fim de jogo, irmãozão. – disse Marco levantando sua espada para o alto. – Espírito do diabo da inquietação... Cleasing Strike! – Marco abaixou sua espada como se estivesse dando um golpe no ar. Nisso, uma espada azul sombria apareceu embaixo de Gilgamesh. O cabo dela começou a brilhar em três partes e subiu como um foguete, acertando Gilgamesh no queixo com a ponta de sua lâmina, como um gancho e depois desaparecendo no ar.
O impacto foi tão forte que ele quase caiu do trem. Gilgamesh se levantou com sua boca sangrando. Infelizmente, enquanto se levantava, Marco e Llynx perceberam que o Limit Break de Gilgamesh também estava cheio.
Cloud usando Blade Beam em Sephiroth (Dissidia Final Fantasy).
- Vai se arrepender, irmãozinho. – Gilgamesh levantou sua Asura horizontalmente. – Blade Beam! – A espada japonesa começou a brilhar com um azul pálido. Quando estava totalmente carregada, Gilgamesh cortou o ar com ela e uma lâmina verde pálida começou a voar pelo ar na direção de Llynx, Marco, Anitta e Maya.
Os dois ficaram próximos de Anitta e Maya para protegê-las do ataque. Llynx disse algumas palavras em uma língua desconhecida para si mesmo e criou uma barreira de sombras, protegendo os quatro contra o ataque. A lâmina azul pálida se chocou contra a barreira de sombras e começou a força-la. Llynx tentava aguentar firme o ataque e sentiu que a barreira não ia resistir ao Limit Break.
- A barreira não vai aguentar mais muito tempo. – avisou Llynx.
Mal terminou a frase e a barreira explodiu junto com a lâmina. O impacto da explosão empurrou os quatro para fora do trem. Os quatro caíram gritando em meio ao nevoeiro próximo aos altos trilhos sustentados por altas e largas hastes de ferro. Gilgamesh olhou para baixo e viu o irmão cair até desaparecer nos nevoeiros. Alguns soldados da Armada de Netuno ficaram ao seu lado.
- E agora, senhor? – perguntaram a Gilgamesh.
- Agora seguiremos com a segunda parte do plano. Em breve alcançaremos nossos objetivos e faremos um novo Império. – respondeu ele com uma risada maléfica.
O que vai acontecer? Será que os quatro sobreviverão à queda, ou algum deles não conseguirá? Serão capazes de chegar a Fontaine e realizar o pedido de Llynx? Quem era Maya? Ela era uma pessoa boa ou ruim? E Gilgamesh? Quais são os planos dele?
Se liguem no próximo capítulo de Final Fantasy XV para descobrir! Vem aí: Capítulo 4: O Jardim da Morte!