Estava frio e já era noite. O ar estava pesado, com muito
nevoeiro. Anitta estava caída no chão. Acabou de acordar depois de ter caído do
trem do Festival da Caçada. Estava muito tonta e sua cabeça doía. Passou a mão
esquerda na cara para tentar melhorar e viu que fraturou o braço direito,
provavelmente com a queda. Ela estava sozinha e sentada naquele lugar onde a
visibilidade era quase nula. Disse algumas palavras mágicas e invocou a White
Magick Cure. Saíram pequenas ondas verdes de sua mão esquerda que envolveram o
lugar onde doía e curaram o braço de Anitta.
Ela olhou para os lados, tentando enxergar alguma coisa,
mas era impossível. O nevoeiro era muito denso. Só se via nuvens cinza em todos
os lugares. De repente ela ouviu o barulho de passos.
- Marco? – perguntou ela. Nenhuma resposta. Estava tudo
em silêncio. – Llynx? – nada.
Os passos continuaram e coincidentemente ela sentiu o
chão tremer. Anitta levantou com medo daquilo. Sacou seu White Staff e ficou
parada.
- Quem está aí? – nada a respondia. Anitta tremia de
medo. Não sabia o que estava atrás daquele nevoeiro. – Responda!
Os passos ficaram mais fortes e cada vez mais próximos de
Anitta. Anitta sentia o chão tremer cada vez mais. Ela estava amedrontada com
aquilo. De repente os passos pararam e um vulto apareceu. O que quer que fosse
aquilo, acabou parando na frente dela. Anitta não ousava respirar. Ela suava
frio. Estava com medo de saber o que estava ali na sua frente. Ela não pensava
em nada além de onde diabos Marco poderia estar naquele momento.
Os passos se aproximaram e o vulto ficou perto o
suficiente pra Anitta ver o que era. Ela olhou pra cima e se deparou com um
dinossauro zumbi enorme. O dinossauro rugiu com força. Anitta deu um grito de
medo e correu para o nada, sendo perseguida pelo monstro. Ela corria em pânico.
Só pensava em se salvar daquela fera. Nunca encontrara uma criatura tão
horrenda daquele jeito.
Um dinossauro zumbi. |
Na surpresa da corrida, Anitta não viu um barranco que
estava na sua frente, graças ao nevoeiro. Ela escorregou no barranco e caiu. Arrastou-se
um pouco para se afastar do dinossauro, mas ele pulou o barranco atrás de
Anitta. Ele rugiu forte e partiu para abocanhá-la.
- MARCOOOOO!! AAAAAH! – gritou ela.
Nisso, Llynx apareceu em sua frente e criou uma barreira
de sombras que a protegeu do monstro enquanto um Limit Break de Corte Cruzado
(Cross Slash) o acertou, derrubando-o. Anitta foi levantada por alguém.
- Você está bem? – era Maya, a ladra que Gilgamesh queria
matar no trem. Anitta respondeu que sim balançando a cabeça. Estava sem saber o
que fazer.
O monstro se recuperou do Limit Break e fugiu correndo.
Anitta se abraçou a Maya, procurando abrigo. Estava amedrontada. Nisso uma voz
conhecida ecoou no meio daquele nevoeiro espesso chamando por ela.
- Alteza! Onde você está?
Era Marco quem a chamava. Ao vê-lo, Anitta se soltou do
abraço de Maya e correu na direção do seu fiel guarda-costas, abraçando-o aos
prantos. Marco estranhou um pouco o que Anitta fez, pois não era comum ver uma
princesa abraçar um guerreiro. Ele ficou um pouco com os braços levantados, sem
saber o que fazer.
- Marco... – disse ela soluçando. – Foi terrível. Pensei
que não sobreviveria. Que bom que você está aqui.
Marco estava sem graça com a reação da princesa, mas
acabou a abraçando para confortá-la.
- Tá tudo bem agora. – disse ele enquanto esperava ela se
acalmar. – Fique tranquila, minha princesa.
Marco manteve Anitta em seu abraço até que ela se recuperasse
do susto. Não demorou pra ela se soltar e olhar Marco com um sorriso. O rosto
dela estava cheia de lágrimas. Marco passou as costas das mãos no rosto dela
para limpar as lágrimas e sorriu para confortá-la.
- Não se preocupe, Alteza. O perigo já passou.
Llynx e Maya observavam a cena sem soltar um pio. Maya sorriu
ao ver os dois juntos e passou a pensar consigo mesma se aquele casal teria
futuro. Talvez não, pois era uma princesa e um cavaleiro, não era certo. Ou
talvez desse, pois quando se ama não há barreiras que separem os dois amantes.
Ou quem sabe aqueles dois fossem apenas amigos? Mas ela nem sabia se poderia
seguir viagem com os três para ver o futuro dos dois. Maya preferiu esperar e
ver o que iria acontecer.
Alguns minutos depois, os quatro se reuniram para
planejar novamente o objetivo de chegar a Fontaine.
- Então o que faremos? – perguntou Anitta.
- Seria melhor saber onde nós estamos. – sugeriu Marco. –
Não faço a menor ideia o que é esse lugar esquisito.
- A julgar por essa criatura que acabamos de encontrar,
receio que as notícias não são boas. – disse Llynx. – Estamos nas terras de
Royale.
Royale. Um nome de respeito em toda a história de Gaia.
Era sede do reino principal. Lá estava o Gran-Castelo de Royale, local onde
todas as estratégias dos Humes e da Aliança de Gaia eram boladas para se
livrarem da tirania dos Neo-Humes e dos anti-deuses Espers. Aquelas terras foram
importantes durante a Campanha dos Espers. Foi o palco da batalha final entre
as forças do Rei Vahjra Cissei Royale com os treze Eidolons sagrados contra o tirano
Rei Lucemia Dols’ar e seus treze Espers malignos.
As vinte e seis divindades pairavam sobre o céu de Royale
naquele dia. Fora uma batalha terrível. Gerou muitas mortes e muita dor. Todos
que morreram naquela batalha foram lembrados para sempre, pois ficaram
conhecidos como heróis. Lucemia, os Espers e seu exército foram derrotados
pelos Humes, a Aliança de Gaia e os Eidolons. A destruição se Zodiark, o mestre
dos Espers gerara muita Névoa (Mist) pelas terras de Royale. A Mist agiu como
uma bomba nuclear. Consumiu a fauna e a flora daquelas terras, tornando-as
inabitáveis. A derrota de Lucemia levou à queda de Royale, um preço pouco alto
a pagar por tantas vidas mortas e escravizadas naqueles tempos.
Hoje em dia, Royale era um pedaço de terra amaldiçoada
pelas altas concentrações de Mist. A glória do Gran-Castelo de Royale estava em
ruínas. Depois disso, as únicas coisas que habitavam aquelas terras eram
fantasmas do passado e criaturas horrendas e distorcidas pela Mist.
- Royale. – disse Marco. – Nunca pensei que teria que
passar por aqui.
- Temos que achar algum ponto de referência. Podemos ir
para Fontaine daqui, dependendo da distância. – ponderou Llynx.
- Acho que posso ajudar. – Maya se pronunciou pela
primeira vez pelo bem do grupo desde que fora salva por Llynx. – Se acharmos as
torres que sustentam os trilhos que estávamos percorrendo, posso ver a nossa
localização pelos computadores internos instalados nelas.
- Existem computadores dentro daquelas torres? –
perguntou Marco.
- Sim. É uma precaução caso alguém se perca nessas
terras. Aprendi isso com o pessoal dos Clan Hunters.
- Você faz parte do clã?
- Não. Era meu pai quem fazia parte.
- E por que Gilgamesh matou seus pais?
Maya não pode evitar e derramou algumas lágrimas antes de
continuar a conversar com Marco.
- Ele estava numa missão que envolvia alguns dos soldados
do Império, mais especificamente da Armada de Netuno, e acho que ele sabia
demais sobe algum esquema deles.
- Os soldados do Império? Armada de Netuno? Que missão
era essa?
- Não sei. Não tive tempo de conversar com ele sobre
isso. Quando cheguei em casa encontrei ele e minha mãe mortos. Sobre eles
estava um bilhete com o nome do assassino, dizendo que iriam atrás de mim, para
me silenciar.
- Então foi por isso que Gilgamesh quis matá-la. – pensou
Marco consigo mesmo. – Mas que missão era essa que os Imperiais estavam
envolvidos? O que a Armada de Netuno tinha a ver com aquilo?
Não era hora de pensar naquilo. Tinha que sair daquele
lugar e seguir a missão de Llynx. Depois que estivesse em Fontaine resolveria
aquilo. Marco resolver deixar aquilo de lado e focou em ajudar o grupo a sair
daquelas terras. Se lembrou de que ao atingir o chão, estava ao lado de uma das
torres de sustentação. Não era difícil encontrar as torres. Tinham luzes
vermelhas piscando e sinalizando onde elas estão, para evitar colisões de
airships, chocobos roxos, etc. Ao encontrar uma das torres, Maya tateou a base
da torre procurando por uma tampa. Quando a encontrou, usou sua adaga Khukri
para retirá-la e entrou pela passagem que a tampa cobria. Encontrou um pequeno
painel de controle e afixou um cabo nele que estava conectado a um pequeno GPS.
O aparelho fez contato com a rede e tornou-se possível ver onde estavam.
- Não estamos longe de Fontaine. – disse ela ao sair de
dentro do compartimento. – Podemos chegar lá em algumas horas de caminhada para
o oeste.
- Ótimo. Não podemos perder tempo. – Llynx respondeu.
Llynx foi à frente, com Anitta e Marco um pouco atrás.
Maya ficou ao lado da torre e chamou Marco.
- Eu, - Maya gaguejou um pouco para falar. – gostaria de
saber se posso seguir viagem com vocês até Fontaine. Não conheço este lugar.
Marco parou para pensar um pouco.
- Bom, não deveria permitir que fosse conosco. Você quis
me matar, lembra-se?
- Eu sei, - Maya ficou sem graça com o que Marco dissera.
– mas eu não queria matar você. Era o seu irmão. Ele matou a minha família e
queria me matar. Era eu ou ele. Além do mais eu confundi vocês dois. Me perdoe,
por favor.
Marco tinha um bom coração. Não gostava das atitudes de
Gilgamesh e passou a desprezar ainda mais depois que descobriu o que ele fizera
de ruim a Maya.
- Pois bem, Maya. Não vejo problemas em você nos
acompanhar. E aceito seu pedido de desculpas.
- Obrigada! O senhor não vai se arrepender de ter me
poupado!
Maya estava agradecida com a decisão do capitão da Armada
de Urano. Estava honrada de viajar com a princesa e seu guarda-costas.
Ao caminhar um pouco, chegaram a um lugar onde o nevoeiro
era mais fraco e a Mist mais espessa. Chegar a um lugar com altas concentrações
de Mist era sinônimo de encrenca, pois Mist é uma energia mística que tornava o
uso de magias mais eficiente. Por causa disso era conhecida como “essência dos
deuses”. Altas concentrações de Mist conseguiam alterar algumas coisas no
ambiente no qual ela se encontrava. Podia dar vida a coisas inanimadas como
árvores, pedras e coisas mortas. Lugares como as terras de Royale, que tem alta
concentração de Mist guardam as mais terríveis criaturas e quanto maior a
quantidade de Mist, mais perigosas elas eram.
Já era possível ver onde estavam. Era um lugar muito
esquisito. Parecia ser uma mistura de vale com pântano. A flora daquele lugar
era bizarra. Existiam plantas e flores ainda não conhecidas pelo homem e
pareciam ter vida própria. Tinham formas esquisitas e eram medonhas. Todas
cheiravam mal devido ao excesso de veneno que tinham. A fauna era pior. As
criaturas que estavam ali era carniceiras e sem instinto. Só viviam para uma
coisa: matar para se alimentar.
- Estão vendo este lugar? – disse Llynx. – Aqui é
conhecido como Jardim da Morte.
Então aquele lugar sinistro era o tal Jardim da Morte que
se ouviam histórias assustadoras. Anitta estava com medo de tudo aquilo. Nunca
pensou que iria a um lugar como aquele, ainda mais durante a noite. Marco
estava impressionado com o que via. Teria que agir muito bem como um
guarda-costas, pois não sabia o que enfrentariam ali.
Llynx pediu que Maya o acompanhasse pela frente. O GPS
dela fora muito útil. Agora seria ainda mais para descobrir se haveria alguma
coisa que os impedisse de chegar a Fontaine com vida.
- Vamos ficar próximos. – sugeriu Maya. – O nevoeiro
ainda está forte e está surgindo cada vez mais Mist.
- Estamos em um campo de mortos. – analisou Llynx. – Os
seus poderes serão essenciais aqui, Anitta. Caso tenhamos que travar uma
batalha, o que nos salvará serão minhas magias de fogo e as suas de cura.
Anitta balançou a cabeça, concordando com Llynx. Estavam
em um lugar onde a magia era forte graças à Mist. Nada mais conveniente do que
combater magia com magia. Começaram a avançar pelo jardim, temendo o que iriam
encontrar. Chegaram a uma parte onde havia uma lama verde, um tipo de brejo
tóxico. Caveiras e ossos estavam atoladas nela e estavam sendo corroídas pelas
toxinas criadas naquele ambiente terrível. Havia corpos ainda em decomposição
naquele lugar também. Eram corpos de caçadores, membros dos Clan Hunters que
haviam desaparecido durante missões. Tentaram não perder tempo naquele lugar.
Esqueletos |
Quando estavam quase atravessando o brejo, alguma coisa
puxou a perna de Maya. Era uma coisa gelada e firme. Estava cheia de lama
tóxica. Estava começando a corroer a carne da moça. Maya deu um grito de susto
e dor. Ao se virar, viu que uma caveira a puxava para dentro daquele lamaçal.
Rapidamente ela revidou e puxou a caveira para fora do lamaçal ao empurrar a
perna. O solavanco foi forte o suficiente para desprender o braço do tórax
daquele esqueleto que caiu nas pedras cheias de lodo. Maya rapidamente tirou o
braço de sua perna. Por sorte, não estava muito machucada.
Os quatro se distraíram com o que aconteceu a Maya e não
perceberam o que os aguardava. Surgiram vários zumbis e caveiras cobertas de
lama tóxica do brejo que acabaram de cruzar. Não pareciam estar com fome.
Queriam levar os quatro com eles.
- Vou fazer esses demônios sentir o gosto da minha
lâmina. – disse Marco ao tomar frente no ataque.
Um zumbi. |
A pesada espada do paladino conseguia destruir os
esqueletos com muita facilidade. Os ossos se despedaçavam como se a espada
estivesse golpeando vidro. O problema eram os zumbis. Eles pareciam ter mais
inteligência e resistência que os esqueletos. Conseguiam desviar dos ataques de
Marco com facilidade. Demorou um pouco para que Marco pudesse atravessar a
grossa lâmina de sua Greatsword no peito de um dos zumbis. Marco puxou de uma
vez e o zumbi cambaleou, mas voltou para a batalha rapidamente.
- Eu demorei a acertar uma dessas coisas e quando eu
acerto não dá um dano decente? Que droga! – Marco recuou e se deu conta de que
os zumbis não paravam de surgir.
Maya tomou o lugar de Marco na frente do ataque e tentou
esfaquear os zumbis, mas não obteve sucesso. Ao tentar golpear um deles, acabou
sendo mordida por um esqueleto. Estava em desvantagem.
Marco ficou à frente de Anitta de forma que a pudesse
proteger dos mortos-vivos que ali chegavam, mas era muitos para ele só se
defender. Maya e Llynx estavam ocupados com outros inimigos e não podiam
ajudar. Foi aí que Anitta se lembrou do que Llynx lhe dissera: “Suas magias de
cura poderá nos salvar das batalhas.”
- Afaste-se, Marco. – pediu Anitta.
- Alteza, recue! Não é seguro.
Anitta não deu ouvidos para Marco e levantou seu White
Staff para o céu da noite coberto por um nevoeiro que não permitia ver o céu
estrelado e a lua. Anitta decidiu conjurar uma magia um pouco mais forte para
derrotar seus inimigos.
- Aqui vai uma forte! – anunciou. – Dia!
A ponta de seu cajado começou a brilhar como um raio
divino de sol. A luz do raio cegou a todos e causou danos aos mortos-vivos. A
Mist que estava naquele lugar deixou os raios ainda mais fortes. Os esqueletos
afetados se decompuseram e os zumbis começaram a ter a pouca carne que lhes
restava dilacerada. Todas as impurezas foram retiradas dos zumbis. Isso os
tornou a voltar a serem restos mortais inanimados.
Depois que o efeito da magia Dia cessou, Anitta usou Cure
em seus companheiros. Assim Maya, Marco e Llynx puderam se curar dos ferimentos
que ganharam desde a queda do trem do Festival da Caçada. A princesa ficou um
pouco zonza depois de conjurar as magias.
- Alteza, tudo bem? Como está se sentindo? – perguntou
Marco enquanto ele a ajudava a ficar de pé.
Antes que pudesse responder, Llynx interveio.
Um frasco de Ether. |
- Ela vai ficar. O esforço que Anitta fez foi maior
devido ao número grande de alvos. – Llynx mexeu em seus bolsos e retirou um
frasco azul com uma tampa engraçada. Parecia um símbolo que a travava. – Beba
isso. É Ether. Vai fazer seu poder mágico voltar.
Marco não interferiu. Viu que o frasco realmente continha
Ether. Aquilo não faria mal a Anitta. Ele mesmo precisa tomar alguns de vez em
quando, pois seus Limit Breaks consomem magia e precisava de Ethers para se
recuperar. Anitta abriu o frasco e bebeu o Ether que estava lá. Uma aura azul
brilhou ao redor dela e a princesa pode sentir seu poder mágico recuperado.
- Acho que aguentarei conjurar uma ou duas magias agora.
– brincou ao se recuperar do esforço. – Obrigada, Llynx.
Como sempre, Llynx não respondeu ao agradecimento de
Anitta. Isso deixava Marco furioso. Não podia acreditar na frieza que sua
princesa era tratada por aquele cara em quem não confiava. Llynx se virou para
a nova integrante do grupo.
- Maya, pra onde temos que ir agora que saímos um pouco
do rumo?
Maya retirou seu GPS e olhou a direção certa pra onde deveria
ir.
- Precisamos continuar a seguir a oeste. O sinal está
fraco. Acho que a Mist está atrapalhando a conexão.
- Já basta o que você disse. Vamos continuar.
Maya ficou frustrada com a resposta curta e grossa do
mago. Os três começaram a seguir Llynx que foi na frente.
- Como ele consegue ser frio e grosso desse jeito o tempo
todo? – perguntou Maya em um volume audível por Marco e Anitta.
- Acho que ele está é preocupado. – ponderou Anitta. –
Essa pessoa que ele pediu para que eu curasse deve ser alguém muito querido por
ele.
- Tem que ser alguém muito querido mesmo. Tanto que ele
teve que te raptar pra fazê-lo.
- É bom que ele não tente nada. Ainda não confio nele. –
atravessou Marco.
- Você se preocupa demais, Marco. Quando ele me levou
daquela arena de Blitzball eu pensava que ele era mau. Mas acho que ele não é
assim. Ele só está agindo dessa maneira porque está nervoso e ansioso.
- É mesmo, - concordou Maya. – parece que tem alguma
coisa prendendo ele e as emoções dele. Ninguém pode ser tão frio assim.
Talvez Maya e Anitta estivessem certas. Talvez Llynx
fosse uma boa pessoa. Mas Marco não deu seu voto de confiança ainda. Raptar a
princesa era um crime, um ultraje. Teria que passar mais tempo com ele para que
pudesse confiar mais.
O Jardim da Morte parecia não ter fim. A caminhada a céu
aberto estava demorando muito. Fontaine parecia não chegar nunca. Andaram por
lugares sombrios, cheios de zumbis, mortos-vivos e plantas carnívoras.
Derrotaram muitos inimigos e estavam cansados de tanto andar e lutar.
Finalmente chegaram a uma caverna escura e horrenda.
- Temos que passar por aqui? – Anitta se assustou ao ver
aquela caverna medonha.
Llynx olhou para Maya, esperando que ela tivesse a
resposta para a pergunta. Maya olhou para seu GPS mais uma vez.
- Estamos perto. Como o sinal tá engraçado pra frente
daqui, acho que vai ser só cruzar essa caverna e sairemos em Fontaine.
- Ótimo. – Llynx se virou e entrou caverna adentro. Maya
o seguiu e depois foi Marco. Anitta ficou de fora um pouco, paralisada de medo.
- Princesa, o que foi? – perguntou Marco.
Anitta não conseguiu responder de tanto medo que estava
naquela hora. Marco voltou para busca-la.
- Não se preocupe. Sempre estarei ao seu lado. Não
deixarei que nada de ruim lhe aconteça. Prometo.
Anitta olhou para Marco e sentiu sua coragem crescer. Ela
respirou fundo e entrou na caverna acompanhada de Marco. Lá dentro ela viu que
Maya e Llynx a esperavam. Maya tirou dois tubos de neon da sua bota e os
dobrou. Os neon se quebraram e a luz iluminou a caverna com a luz verde do
tubo.
- É bom ser bem prevenida. – disse Maya. – Tome um,
princesa. Acho que vai precisar. – Maya entregou um dos tubos para Anitta. -
Agora podemos progredir.
Marco sabia que Anitta tinha fobia de lugares escuros. A
luz de neon que Maya gerou aliviou um pouco os dois. Anitta andou próxima de
Marco e permaneceu calada durante a caminhada caverna adentro. Apesar de estar
“protegida” pela luz do tubo, ainda estava no escuro.
O grupo avançou pela caverna e chegaram a um parte da
caverna que possuía um teto alto. Era um lugar mais largo. De repente pararam.
O silêncio tomou conta do lugar. Tinha alguma coisa ali. Só Anitta não
pressentiu o que era.
- Por que a gente parou? – sussurrou ela.
Maya colocou seus dedos sobre a boca de Anitta, pedindo
silêncio. Começaram a olhar para o escuro. Tinha alguma coisa ali e não era
boa. Não era à toa, estavam praticamente no fim da caverna e do Jardim. Bastava
passar dali e chegariam a Fontaine.
Pôde-se ouvir um barulho vindo do escuro. Era um
grunhido. O terror tomou conta de Anitta. Ela se segurou forte nos braços de
Marco e Maya. Sentiu seu coração pular no peito, parecia que ia rasga-lo ao
meio. Era um terror tão medonho quanto o que sentira ao acordar da queda que
sofreu. Outro barulho saiu do escuro. Era um tremor. Pareciam passos. Bastou
que Maya esticasse o braço para frente com o tubo para ver o que era. Era o
dinossauro zumbi que apareceu correndo atrás de Anitta algumas horas atrás.
Quando se tornou visível, deu um rugido forte e Anitta deu um grito de pânico.
Llynx concentrou-se e lançou uma magia de fogo contra o
dinossauro.
- Fire! – suas
mãos criaram bolas de fogo que foram arremessadas contra o monstro. Elas
incendiaram o cadáver ambulante. O monstro rugiu novamente, mas com dor. O fogo
começou a queimar parte do corpo do monstro e melhorou a iluminação da caverna,
mas a visão não foi boa. Lá estavam vários zumbis e esqueletos próximos do
dinossauro, prontos para matar.
Llynx sacou suas Shadow Blades e partiu para enfrentar os
inimigos que ali estavam. Marco e Maya também foram lutar. Apenas Anitta que
ficou para trás. Os zumbis e os esqueletos estavam sendo facilmente derrotados.
O problema era o dinossauro zumbi que sempre tentava matar os únicos seres
vivos ali com investidas, mordidas e pisadas. E o pior: parecia que o fogo que
queimava nele não estava fazendo efeito.
Maya combinou com Llynx e Marco que ela daria conta dos
zumbis e dos esqueletos enquanto os dois iriam atrás do dinossauro zumbi. Llynx
o acertava com mais magias Fire enquanto Marco o golpeava com sua espada.
Anitta observava a luta no escuro de longe. Estava com medo até de lutar.
A luta que Maya travava com os zumbis e com os esqueletos
não ia bem. Ela estava em desvantagem quase sendo derrotada. A luta contra o
dinossauro também ia de mal a pior. Marco e Llynx acabaram se envenenando
quando foram acertados pelo corpo encarniçado do dinossauro, que estava todo
cheio de esporos de veneno e larvas tóxicas. Enfraquecidos, os dois não estavam
conseguindo se aguentar em pé e acabaram sendo acertados por uma investida do
dinossauro. Ambos caíram no chão, sem força o suficiente para se levantar.
Depois que terminou com Llynx e Marco, o dinossauro
avistou Anitta e avançou na direção dela. Anitta estava de pé e não conseguia
se mover de medo. Pensou que aquela hora seria seu fim.
- Corra, Anitta! Corra! – gritou Marco. Anitta deu alguns
passos para trás, mas já era tarde para tentar escapar. O dinossauro acertou
uma forte investida contra Anitta que foi arremessada para longe, se chocando
com uma parede. - ANITTA!!
O grito de Marco chamou a atenção do dinossauro, que
correu na direção do paladino. Marco se levantou com muita dificuldade, mas o
impacto dos passos do dinossauro derrubou-o de volta ao chão. Enquanto estava
no chão, o dinossauro pisou em cima dele. Marco estava nocauteado.
- Marco! Marco! – gritou Maya para o paladino. – Não!
Ela e Llynx estavam imobilizados, não podiam ajudar. Ela
olhou para onde Anitta tinha caído, na esperança de que a princesa tivesse sobrevivido
ao ataque. Não tinha nada lá. Sem esperanças, Maya começou a achar que ia
morrer ali naquele pardieiro. O dinossauro foi na direção dela para
abocanhá-la, mas uma luz interrompeu a hora fatídica de Maya. Era uma luz
vermelha e vinha de onde Anitta tinha caído.
Maya olhou para onde a luz e se impressionou com o que
viu. Anitta estava flutuando e estava coberta por uma aura vermelha. Os cabelos
louros flutuavam no ar como se estivessem debaixo d’água. Pela sua feição,
parecia estar sem medo e querendo se vingar do terror que o dinossauro causou.
Não havia dúvida. Ela estava pronta para liberar seu primeiro Limit Break.
- Vai se arrepender pelo que fez. – disse Anitta fitando
o dinossauro zumbi.
O emblema de invocação da deusa Shiva. |
Anitta levantou seu cajado e sua cabeça para o alto e uma
fraca ventania começou a soprar na caverna. A princesa passou a brilhar mais e
um emblema surgiu sobre seus pés. A ventania ficou mais forte e fez
com que alguns esqueletos levantassem e se chocassem um contra os outros. O
vento estava esfriando o ambiente. Ela disse algumas palavras mágicas em voz
baixa e depois disse em alto e bom tom.
- Vento, cesse para
silenciar e luz, nos dê poder! – ela desceu a cabeça e olhou para o
dinossauro mais uma vez para gritar duas palavras. – Venha, Shiva!
Ao terminar de dizer esse nome, saíram cristais de gelo
enormes do chão na frente dela. Quem estava de frente para os cristais pode ver
o reflexo de uma mulher de pele azul clara como o céu. A mulher abriu os olhos
e os cristais se quebraram, revelando Shiva, a deusa de gelo. Maya não estava
acreditando no que via. Era um dos lendários Eidolons que derrotaram os Espers
e o rei Lucemia 30 anos atrás que estava ali na sua frente.
A deusa era muito bela e sensual, porém fatal. Tinha longos
cabelos azul escuro, divididos em tranças, algumas delas com anéis nas pontas.
Suas vestes apenas lhe cobriam os seios e as partes íntimas.
Ao pousar seus pés sobre o chão, congelou a área na qual
estava próxima. Anitta estava conectada a deusa e tudo que Anitta fazia ou
dizia Shiva faria o mesmo. As duas viraram o olhar para os esqueletos e zumbis,
levantaram as mãos e gritaram juntas: “Colisão
Celestial” (Heavenly Strike)!
Nisso, surgiram estacas de gelo vindas do alto teto da caverna que caíram em
cima dos inimigos, aniquilando-os. Com os zumbis e esqueletos eliminados, era a
vez do dinossauro zumbi sair de circulação.
Shiva, a deusa de Gelo. Um dos treze Eidolons sagrados. |
Shiva lançou um olhar gelado para o monstro e levantou os
braços ao gritar seu próximo ataque: “Pó
de Diamante”! (Diamond Dust).
Shiva começou a rodopiar em torno de si mesma, enquanto vários flocos de gelo
iam se formando. Quando formou flocos suficientes, Shiva parou de rodopiar e
apontou para o dinossauro. Os flocos envolveram o dinossauro até que ele se
tornasse um bloco de gelo. Para finalizar o ataque, Shiva voltou a flutar e deu
uma investida contra o bloco de gelo. O impacto fez com que o bloco partisse em
minúsculos pedaços juntamente com o dinossauro.
- Nossa. Quanto poder. – Maya olhou tudo aquilo pasma. Era
fantástico ver a deusa de gelo salvar a sua vida.
Os inimigos foram derrotados. Não havia mais motivo para
Shiva estar ali. Antes de ir, Shiva olhou para Anitta e sorriu. Anitta
correspondeu ao sorriso e viu a deusa se desfazer em minúsculos flocos de gelo,
desaparecendo no ar. A aura vermelha e a luz que envolviam Anitta cessaram e a
princesa a pousou no chão. Maya se levantou e foi ao encontro da princesa. Ela estava
fraca por causa da invocação que fizera. Isso lhe consumiu muito poder mágico.
- Você está bem? – perguntou Maya.
- Sim, vou ficar. – respondeu com cansaço.
- Como conseguiu fazer aquilo? Foi incrível!
- Não sei. – Anitta levantou suas mãos e começou a
olhá-las. – Eu simplesmente senti um poder forte dentro de mim querendo sair.
Eu só o liberei. Parece que eu já sabia o que fazer.
- Legal! Me ensina a fazer isso depois. – brincou Maya.
- Pode deixar. Depois que eu aprender eu ensino. – riu Anitta.
As risadas cessaram quando Anitta levantou o rosto procurando pelos companheiros.
– Onde estão Marco e Llynx?
- Marco está desacordado. – respondeu Llynx, que havia se
recuperado do efeito de envenenamento com um Antídoto. – O dinossauro pisou
nele enquanto você foi golpeada.
- Precisamos ajudá-lo! – disse Anitta com preocupação.
- Então o cure. – sugeriu Maya.
- Não posso. Consumi meu poder mágico nesse Limit Break.
Temos que ir pra Fontaine agora!
- Então vamos rápido. – respondeu Llynx.
Llynx correu na direção de Marco. Levantou-o e o pôs
sobre os ombros. Anitta se apoiou em Maya e as duas correram na direção de
Llynx.
- Vamos! – disse Maya. – Fontaine está logo à frente.
O dia já estava nascendo, podia se ver pequenos raios de
sol refletidos nas rochas da caverna. Já estavam quase na fronteira entre
Royale e Fontaine.
O que vai acontecer? Será que os quatro conseguirão sair
com vida do Jardim da Morte? Será que vão conseguir chegar a Fontaine a tempo
de salvar a vida de Marco? E como Anitta conseguiu invocar Shiva?
As respostas estarão no próximo capítulo da fanfic Final Fantasy XV! No Capítulo 5: Melodia!